5 perguntas para conhecer Benjamin

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Cheguei ao som do Benjamin, pouco tempo depois de iniciar o projeto FolkdaWorld, quando fui atrás de mais projetos folks no país e me deparei com o Folk Music Brasil. Baiano, cantando em inglês e com letras profundas embaladas por cordas e batidas de pés que remetem ao folk raiz. Como não gostar? Conversamos com ele e abaixo você confere um pouco mais do que está por trás desse belo projeto.

FDW: Um baiano que canta folk. De onde surgiu esse interesse pelo estilo? Você passou por outros estilos antes de, vamos dizer, se enraizar no folk?

Benjamin: Esse interesse vem da vida, do que andava me acontecendo, de onde eu andava caminhando. Ouvi Metal a minha vida toda, e muita música alternativa, mas especialmente música extrema, e isso liberava de mim um lado que escurecia outra face que eu carregava, esse cara que se interessou por Metal a vida inteira, e tocava outros estilos de música, falava de coisas um tanto difíceis, um tanto truculentas demais. Encontrar esse som que venho fazendo foi libertar essa outra face pro mundo, esse outro ponto de vista, que embora gire em torno do mesmo bojo, dança num ritmo diferente, hoje sou de outra cadência por conta desse som do Benjamin.

FDW: Benjamin não é seu nome de verdade. Existe um motivo especial para batizar o projeto assim?

Benjamin:  Existe não, era só a necessidade, como disse antes, de ser de outros lugares, lugares internos que eu sabia que existiam por aqui mas que viviam oprimidos por esse personagem lúdico que eu era. A música que prendia fazer vinha falar de uma essência muito simples, de um eu muito primário, ela precisava ser batizada com algo que remetesse a isso, então esse nome surgiu, conversas entre amigos, noites nuns saraus que frequentava, veio um amigo poeta e dividiu um personagem comigo, esse era o Querino, poeta de Vitória da Conquista, escrevíamos juntos, nessa época surgiu essa coisa de Benjamin, se deu o batismo.

FDW: Você escreve suas próprias músicas, todas em inglês. O que te inspira?

Benjamin:  Devo dizer que a vida, vivo muito aberto ao acaso, embora tenha muito medo do mundo, do homem, enfim, eu me inspiro nessas coisas que vejo e que me consomem de uma forma meio intensa demais, mas nada lúdico, como disse antes, não sou essa pessoa, sou direto, escrevo pelo labor, e pelo suor de escrever, e não por inspiração sideral-divina ou qualquer outra baboseira que o valha. Escrevo como quem levanta uma parede.

FDW: Curiosamente “Last”, que significa último, é o seu primeiro disco. Como foi o processo de produção, escolha das faixas, preparo e divulgação, basicamente online e gratuita via Internet?

Benjamin:  O processo foi tranquilo, fiz tudo através do selo M4Music que eu acredito que seja a única gente capaz de cuidar de artistas independentes com o respeito que é necessário, e ainda assim conseguindo oportunidades grandes pra se ter algum espaço. Gravei tudo em meu estúdio, num processo meio solitário, mas tive grande ajuda de minha noiva nos dias finais, ali onde havia perdido um tanto da objetividade, o que sempre acontece comigo, ela veio e colocou ordem na casa. Já tinha uma ideia bem definida do que deveria ser o disco, desde então me pus a buscar por isso no processo de gravação, e aí ele foi se formando. Como disse, ele se chama Last, chega na ideia de último, de derradeiro, mas passa pela ideia de “duradouro” também, e talvez principalmente essa seja o principal alvo do titulo do disco, já que o disco surgiu pra mim pra viver no meu imaginário por um bom tempo, e deve durar com afeto durante esses anos que me restam.

FDW: Para fechar: principais artistas e/ou canções que não podem faltar na sua playlist?

Benjamin:  Êta! Bastante coisa, eu não fico sem música um minuto, agora estou ouvindo “Ritomare” do Ludovico Eínaudi, e embora não seja música de ilha deserta está sendo perfeita pro dia de hoje, enfim… No meu som não pode faltar Almir Sater, Kreator, Interpol, Decapitated, Pink Floyd, Ryan Adams, e um monte de gente, esses eu não deixo de ouvir, nunca, mas ouço de tudo, daqui a pouco essa playlist que ouço agora desce, e chega num Mos Def, Paramore, The Shins, Buckley pai, enfim, vai pra todo canto, e eu amo tudo, ouço como se fosse a primeira vez, na maior parte do tempo.

Gostou do papo? Abaixo você confere o maravilhoso som do Benjamin: