Alceu Valença compõe folk-fake ironizando promotor de evento que o pediu para cantar Country

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Um post do Alceu Valença, feito em seu Facebook, no dia 22 de abril, abre um debate interessante sobre o cenário Folk-Country no país.

O desabafo/crítica acabou virando matéria do Diário de Pernambuco e um colega de trabalho, que é jornalista, viu e me enviou.

No post, Alceu diz:

“Recebi um convite para fazer um show numa vaquejada. Esses eventos tinham como trilha musical xotes, xaxado, baião, toadas e outros gêneros musicais brasileiros. Acontece que o contratante e curador responsável pelo show queria fazer um mix de nossas músicas com a Country Music. Releguei o convite e compus esse folk-fake, pensando no domínio cultural que nós brasileiros somos submetidos e aceitamos sem pensar. OK, baby?”

É meio delicado falar sobre esse assunto, mas vou tentar expressar minha opinião sem ferir o gosto de ninguém. É nítido que o folk tem se tornado um ritmo completamente popular no Brasil e, como consequência, muitas pessoas têm chegado ao estilo através de bandas mais novas que não possuem um embasamento teórico sobre a importância cultural do folk. Isso é ruim? Ao meu ver, não. O ritmo tem atingido pessoas que, talvez, de outra forma, nunca chegaria a conhecer ou gostar do estilo. Agora, se ao conhecer e gostar, a pessoa não vai buscar mais entendimento sobre o folk… isso é outra história.

No caso de Alceu, penso que aconteceu uma baita forçação de barra do produtor. Até porque se levarmos em consideração o folk como música folclórica que expressa a cultura de uma determinada região, Alceu seria mais folk que muita gente que usa acordes e banjos por aí. O cara tem sei lá quantas décadas de carreira e um repertório gigante seja como cantor, compositor ou cineasta.

O que eu sinto é pena por deixarmos de valorizar a música regional brasileira para supervalorizarmos a cultura de outro país. Entenda que eu amo Country, Folk e Americana, e vários outros ritmos tipicamente americanos, mas jamais pediria para um artista trocar a verdade de suas músicas para “entrar na moda” de outros estilos. A arte é livre e, ao menos deveria ser, honesta.

Encerro com o vídeo de Alceu cantando seu folk-fake, no mais puro estilo Bob Dylan.