Ouvimos: Rafael Elfe – As Coisas do Porão

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capa-ep-coisas-do-porao-1400x1400Data de Lançamento: 25 de junho de 2017
Selo: Independente

Rafael Elfe tem delicadeza e sensibilidade ao escrever suas poesias e dedilhar suas canções. Em “As Coisas do Porão”, seu novo trabalho, ele mostra isso muito bem.

Carioca radicado em São Paulo, o músico tem influências que passam pelo rock nacional, blues, música brasileira de raiz e folk tradicional.

A regionalidade aparece mais forte em faixas como “Você Não Me Conhece”, que abre o disco, e “Cimo de Outeiro”. Essas canções têm uma certa mistura de caipira com ciranda, o que dá muita brasilidade ao som.

Eu, particularmente, gosto bastante da forma como ele brinca com as palavras, como na canção “Amarelo Sol”. Essa, inclusive, deve ser a minha canção favorita do disco.

“Tela pintalgada de amarelo sol
o som do silêncio se confunde com o som do seu olhar
dizendo adeus

A deusa do mar que trago em minhas mãos
não me quis arrais, agora tanto faz…”

“Seu Pó nas Coisas” tem a segunda narrativa mais bonita do disco para mim, a faixa é meio que uma canção de despedida. Onde ele narra lembranças de alguém que deixou marcas pela casa e pela vida.

“Comentário a Respeito do Que Sou” tem um ‘q’ do protesto de Belchior e Raul Seixas. O protesto aliás, é bem forte nas canções de Elfe. O que lembra a essência do revival do folk ali na década de 60. Essa influência dylanesca, a propósito, é bem visível em “Do Crânio de Um Facista nascerá a Flor”, faixa que fecha o disco.

Apesar de discordarmos em alguns aspectos musicais, acredito que concordamos que esse é um bonito e relevante trabalho. Muito bom, Rafael.