Review: Rodrigo Amarante – 04 de Fevereiro de 2017, Sesc Pinheiros

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Na despedida da turnê ‘Cavalo’, o tiozão pajé hipster emociona São Paulo.

Uma corrida descabida até as poltronas, aquela pisada no pé de quem ficou na frente – seguido de um pedido de desculpas, lógico – e lá estava eu. Acompanhado de um amigo e de minha digníssima senhora, a espera pelo show me corroía a tranquilidade aos goles. Luzes apagadas, cortinas puxadas e as palmas: Pronto, nossa atenção e alegria eram dele e para ele.

Um Rodrigo encabulado aparece acenando, dando o universal sinal do “beleza”, tomando o centro do palco e o violão. Nada Em Vão abre a noite que, no primeiro momento, variava entre silêncio absoluto durante a execução e uma saraivada calorosa de aplausos no fim de cada canção. Mais afinado do que de costume, foi sucinto e acolhedor em suas falas. Numa aparente ingenuidade, custava a acreditar no público que tinha. “Bendito o momento que vocês resolveram vir me assistir. Muito obrigado!”.

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Foto: Luís Felipe Moura

Aos poucos, a distância entre palco e plateia foi diminuindo. Irene nos transformou em um coral nos primeiros versos. Foi lindo!

A turnê ‘Cavalo’ foi longa, até mais do que o planejado – ‘Tuyo’, tema de abertura da aclamada série Narcos rendeu uma grande vitrine ao artista e um segundo fôlego para a promoção do disco. O repertório mesclou autorais, versões, releituras do próprio Amarante e lambujas de Little Joy e Los Hermanos no bis. O tom de despedida era sentido, anunciou que após os shows entraria em reclusão para a elaboração do próximo trabalho.

Foto: Luís Felipe Moura

Foto: Luís Felipe Moura

O pajé fluiu entre estilos e idiomas de forma certeira e despojada, as várias facetas conversam e constroem uma sonoridade pessoal que é capaz de sintetizar emoções e histórias além de fronteiras ou limites, já que Rodrigo não segue receita além da excelência. Durante toda a apresentação ele foi justamente o cavalo para a música, o veículo utilizado por ela para alcançar nossos ouvidos. Sorte a nossa.