Birthplace: Novo Amor nos conforta a alma em seu primeiro disco; Vem ouvir
por Maísa Cachos
“Birthplace”, traduzindo literalmente é “berço”, “local de nascimento”, e esse é o nome do primeiro disco completo lançado por John Meredith-Lacey, ou Novo Amor, como o conhecemos.
É curioso que, em tempos de mesmice musical e discussões sobre algoritmos que podem compor fórmulas perfeitas para o sucesso, ainda possamos encontrar artistas assim. Que se esforçam e voltam às entranhas para compor, produzir e compartilhar música feita com paixão e honestidade.
Senti “Berthplace” assim.
“Emigrate” abre o disco com belos dedilhados. Como eu gosto. Quando menos se espera, em meio a letra, uma evocação de “Celebrating” divide a canção em duas fases. Antes: um toque suave, voz doce e calmaria. Depois: novos elementos de percussão e metais de sopro, e uma festa em nossos ouvidos.
A fórmula se repete algumas vezes. Mas isso não deixa o disco monótono, muito pelo contrário. Ela parece nos trazer de volta ao prazer de ouvir um disco completo, com conexões entre as faixas. E não apenas um single, hoje em dia, muitas vezes fora de contexto.
Assim como a faixa que o abre, o disco é dividido em duas partes sutis. Primeiro, apresenta canções mais urgentes e esperançosas. Em seguida, toma um caminho de resignação e reflexão. Sempre com moderação.
O destaque, sem dúvida, vai para a faixa título. A mensagem do disco se concentra – não só, mas – nela. E o mix de cordas e piano são mesmo fabulosos.
É possível, ainda, notar semelhanças entre o artista e algumas de suas referências – como Bon Iver e Sufjan Stevens – em diversos momentos. Ainda assim, a autenticidade de Novo Amor prevalece.
Apesar da calmaria que pede um café, um sofá e uma lareira, “Birthplace” é um conforto para todas as estações. Ouvi-lo é como voltar para casa. É frescor no verão, sopro na primavera, caneca esquentando as mãos no outono e meias nos pés no inverno. Vale demais o play!