Quando o músico e poeta catarinense Denis Graeff disse que “Bulnes 12 40”, seu primeiro álbum, seria uma homenagem ao Leonard Cohen, eu sabia que não seria uma tarefa fácil.
Contudo, não duvidei. Já vinha acompanhando o trabalho dele e compartilhando aqui alguns singles trabalhados na divulgação do álbum. O caminho já estava traçado e parecia ir rumo ao alvo certo.
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Pois bem, no último dia 15 de outubro, o trabalho, que conta com 12 faixas autorais, foi lançado nas principais plataformas de Streaming. Finalmente, pude ouvi-lo em sua totalidade.
Como previsto, “Bulnes 12 40” é um trabalho belíssimo. Rico em letras e arranjos. Fiel ao seu objetivo principal, que era responder à pergunta “e se Cohen tivesse encontrado o drama e expressividade da música do sul?”.
A propósito, é perceptível que Cohen tem total influência nesse trabalho. Nem vou me ater muito a esse fato, basta dar play para entender do que estou falando.
No entanto, a obra de Cohen aqui ganha uma conexão extraordinária com a América Latina. Mais especificamente com a Argentina, onde a temática do disco foi inspirada. Aliás, seu título parte de um local, uma hora, e um ponto de encontro e desencontro em Buenos Aires.
Neste trabalho, os elementos familiares de milongas, payadas e tango são reinterpretados, tirados do seu ambiente natural e línguas nativas para criar viscerais canções contemporâneas.
O cenário é bem definido: Buenos Aires, capital dos pampas e cidade infinita, ponte de ligação das culturas platinas com o mundo e palco de inúmeras cenas de desencontros na frieza urbana. É, assim, um lar simbólico e ponto de partida para as idéias que o compositor propõe à música folk do sul: cantar milongas para o mundo.
Num geral, Graeff foge do óbvio do que temos ouvido na cena folk atual (não me levem a mal, eu também gosto do óbvio), e faz de “Bulnes 12 40” não só uma homenagem sincera a um dos grandes mestres da música, mas também uma esperança para os ouvidos que continuam ansiando pela criatividade na música.
Play para conferir!
