Review: álbuns do folk internacional lançados em junho
por Maísa Cachos
Olha aí o que andamos ouvindo em junho. Tem disco pra todos os gostos!
Stranger to Stranger – Paul Simon (03 de junho)
A gente já começa os lançamentos do mês junho falando de um clássico, Paul Simon (Simon & Garfunkel) que chega com seu 13º disco solo e com a mesma riqueza musical de sempre. No entanto, um pouco confuso. O álbum é recheado de misturas musicais, que vão do pop, em ‘Street Angel’ à música africana, como em ‘In a Parade’ e ‘Cool Papa Bell’. É um álbum aventureiro, eu diria. Posso estar errada, mas eu prefiro quando ele fica ali na zona de conforto, logo, ‘Insomniac’s Lullaby’ que fecha o disco, é a minha favorita.
Silver Skies Blue – Judy Collins & Ari Hest (03 de junho)
Quando um ícone do folk, Judy Collins, se une a um músico do Bronx, Ari Hest, o resultado não poderia ser diferente: sensacional! É um disco com cara de clássico, mas com uma pitada de sofisticação. Às vozes desses dois se encaixam muito bem. Aliás, Judy aqui repete a dose do seu álbum de duos anterior a esse. Em ‘Strangers Again’ (2015), ela canta com algumas das melhores vozes do country-folk, como Willie Nelson e Glen Hansard. Ari participa nele com a faixa homônima ao disco. Daí a escolha para a participação dele nesse baita álbum! Não vou arriscar escolher a melhor.
Modern Country – William Tyler (03 de junho)
Taí um belo disco para quem curte música instrumental. Em 7 faixas, William Tyler consegue explorar um bocado do seu talento. São arranjos bem construidos que passeiam por músicas que servem tanto para a trilha sonora de uma viagem, quanto para um bom dia de leitura. ‘Kingdom of Jones’, é minha favorita. Além de ter um super dedilhado, me lembrou muito as melodias caipiras aqui do Brasil.
Sobre El Amor Y Sus Efectos Secundarios – Morat (17 de junho)
Eu não sou uma grande fã da língua espanhola, mas eu gostei essa banda. Morat é um grupo jovem da Colômbia que faz um folk-pop contagiante. Eles parecem muito com as bandas de folk-pop que tem aparecido aqui no Brasil, só que uma baita pegada latina. As músicas da banda falam, em sua grande maioria, sobre amor. ‘Aprender A Quererte’ é um das minhas favoritas, ouvi batendo o pé e me balançando na cadeira. ‘Yo Más Te Adoro’ tem um acordeon belíssimo, que deixa tudo mais poético. ‘Di Que No Te Vas’ é uma das que fico cantarolando. É um bom disco!
Mumford & Sons – Johannesburg (17 de junho)
Este é um dos trabalhos mais maduros do Mumford and Sons, pelo menos para mim. Depois de bons discos lançados, experiências diferentes, os mais diversos tipos de parcerias feitas por aí… Os rapazes chegaram com esse EP surpresa, que mostra não só a capacidade deles de criação, mas de arranjos e de mistura de sons e culturas. De quebra, eles nos apresentaram os sensacionais músicos africanos The Very Best, Baaba Maal e Beatenberg.
case/lang/veirs – case/lang/veirs (17 de junho)
Que trio! Este é de longe um dos melhores discos que ouvi nesse mês. O trabalho é o resultado da colaboração de três baitas cantoras: Neko Case, k.d. lang, e Laura Veirs. Quando ‘Atomic Number’, faixa que abre o disco e uma das minhas favoritas, começa já dá para perceber que esse não é um trabalho comum, mas sim um projeto sensível e super bem produzido. ‘I Want To Be Here’ é outra faixa que me pegou, super narrativa com dedilhados e uma linda harmonia de vozes. ‘Why Do We Fight’ é uma balada romântica, suave e gostosa de ouvir. ‘Georgia Stars’, fecha o disco deixando a certeza que valeu a pena passar um tempo curtindo esse som. Foi quase um faixa a faixa esse texto, ouve logo aí!
Undercurrent – Sarah Jarosz (17 de junho)
Com um espírito americana, o quarto álbum da texana Sarah Jarosz já começa num clima de dedilhado e narrativa bonitão com a faixa “Early Morning Light”. Uma das mais bonitas deste disco. Sarah continua expressiva tanto em sua voz, suave e firme, quanto em seu belo trabalho instrumental. “Back Of Mind”, “Take Another Turn”, “Lost Dog” e “Take Me Back” são algumas outras faixas que eu destaco aqui para vocês apreciarem. É um disco lindo!
Over the Moon – The Icarus Account (21 de junho)
Conheci os irmãos Ty e Trey turner através do Tumblr e fico bem feliz em ver a evolução que aconteceu na música deles. Entre discos e EPs este deve ser o 8º trabalho do duo, e chega com uma sonoridade madura e que mistura folk, country e pop. “Tennessee Sky” é minha favorita.
True Sadness – The Avett Brothers (24 de junho)
Folk-rock, bluegrass, americana… Este é mais um delicioso álbum que resulta dessas misturas do americanos da Avett Brothers. Cada canção pende para um desses estilos, o que pode deixar o álbum meio confuso, mas sem perder a qualidade. Apesar do nome melancólico, o disco não é de todo triste. Claro, há um pouco de lamentação aí, mas não é assim que eu definiria o disco. Afinal, quem produz o disco é o Rick Rubin e ele sempre coloca um negócio eletrônico que costuma deixar as músicas mais para cima. De qualquer forma, como disse o All Music, “True Sadness” está longe de ser um álbum para afundar no sofrimento, ele está mais para o surgimento da esperança. ‘I Wish I Was’ e ‘Fisher Road To Hollywood’ são baladinhas lindas, acho que são minhas favoritas neste trabalho. Mas também curti ‘Victms Of Life’.
Life in the Dark – The Felice Brothers (24 de junho)
Folk do bom para dias ensolarados. É… esse é um daqueles álbuns que parecem já vir com uma pitada de bom humor e sossego. Excelente também para quem gosta de voz anasalada, bem no estilo Bob Dylan. Sabe outra coisa bacana sobre esse disco? Ele foi gravado numa fazenda, e suas melodias soam tão naturais que contam até com galinhas cacarejando no meio. É um disco rústico, mas bem trabalhado. E passeia pelo humor negro, ironias e até tragédias. Vale o play!