A voz de Joan Baez em 5 canções de resistência
por Maísa Cachos
Joan Baez tem uma importante história de luta dentro e fora de suas canções. Hoje, dia 09 de janeiro, é aniversário de 79 anos dessa guerreira e mediante a situação atual do mundo, achei deveras relevante celebrarmos o seu aniversário, relembrando 5 canções que ela gravou e que são pura resistência.
“We Shall Overcome” (1963)
Ao longo dos anos, Joan Baez tornou-se conhecida pela sua interpretação de “We Shall Overcome”, à saber uma canção gospel tradicional que se transformou em uma canção de protesto durante o Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos, popularizada por Pete Seeger e vários outros artistas.
Baez ficou conhecida por sua versão do clássico depois de executá-lo em março de 1963, na March on Washington for Jobs and Freedom. Na década de 1960, as interpretações de Baez das tradicionais canções de protesto intensificaram seu significado com dualidade de suavidade e nitidez, adicionando humanidade e tristeza simultâneas, peso e profundidade. E aqui, essa habilidade ganha imenso destaque.
“What Have They Done To The Rain” (1962)
“Eu vou cantar a música de protesto mais gentil que eu já conheci. Não protesta gentilmente, mas soa gentil.”, explicou Baez em um show em 1962, capturado no álbum ao vivo “Joan Baez in Concert, Part 1”.
A música, originalmente escrita como parte de uma campanha para interromper os testes nucleares na atmosfera, foi composta por Malvina Reynolds, em 1962. E também se tornou conhecida por causa de uma versão mais pop feita pela banda de rock inglesa The Searchers and Marianne Faithfull. Mas a versão de Baez continua sendo a mais solene e penetrante.
Em sua autobiografia “And A Voice to Sing With: A Memoir” Baez relembra 1967, ano em que a CIA interveio na apresentação dessa música e de outras no Japão. A Embaixada Americana pressionou seu intérprete japonês Ichiro Takasaki a diluir quaisquer declarações políticas que fizesse a cantora fizesse a respeito da canção.
“Birmingham Sunday” (1964)
“Birmingham Sunday” foi escrita em resposta ao horrível bombardeio de 1963 na Igreja Batista Afro-Americana da 16th Street, em Birmingham, Alabama, que deixou quatro meninas mortas. “No domingo de Birmingham, o sangue correu como vinho”, proclama a forte letra da música, nomeando e cantando sobre cada uma das quatro garotas: Addie Mae Collins, Denise McNair, Cynthia Wesley, Carol Robertson.
Richard Fariña foi quem escreveu a canção originalmente. Ele era um escritor e cantor folk que foi casado com a irmã mais nova de Joan, Mimi. A versão de Baez começa com acapella, e continua cada palavra soando, forte e devastadora.
“Saigon Bride” (1967)
“Saigon Bride” foi uma das canções mais conhecidas de Baez contra a Guerra do Vietnã, recontando a história de um soldado que deixa para trás sua noiva para ir à guerra: “Quantos mortos serão necessários para construir um dique que não se rompe? Quantas crianças devemos matar antes de fazer as ondas pararem?”. A música foi baseada em um poema enviado por Nina Duschek e apareceu no álbum “Joan”, de 1967. No mesmo álbum, a faixa “North” também foi baseada em um poema de Duschek.
Nas notas iniciais de uma versão reeditada de “Joan”, Baez explica que ela nunca conheceu Duschek. “Ela era uma dama obscura”, escreve Baez. “Eu nem sei se ela ainda está viva. Ela me deu esses dois poemas, e eu apenas escrevi as melodias”.
“Nasty Man” (2017)
Baez é mais conhecida pelas canções de protesto que ela tocou e gravou nos anos 1960, mas ao longo de toda a sua carreira, ela criou um trabalho com carga política. E através de seus álbuns mais recentes, como “Day After Tomorrow”, de 2008, sua voz ficou mais sábia e estridente.
Uma de suas músicas mais recentes, lançada no início de 2017, é brilhante. Em um vídeo sincero filmado em uma sala de estar, Baez apresenta a balada cantada, “uma pequena canção sobre um homem que deu errado”. “Depois de meses de coisas e coisas, os jornais conseguiram coragem de chamar o Homem do Ano de mentiroso”, ela canta, com senso de humor, escolhendo um dedo com um riff leve.
“Se você vai construir um muro, o muro maior, o muro mais bonito em volta de nossas fronteiras… Eis o que eu acho. É melhor falar com um psiquiatra. Porque você tem distúrbios patológicos perigosos”.
Não preciso nem dizer sobre quem ela tá falando, né?
Vale dizer que essa lista não é original nossa. Mas ela é tão relevante que ousamos aproveitar esta data para traduzir e adaptar o texto para postá-la aqui. O conteúdo original você encontra no Shadowproof.