A receita é simples, mas o seu modo de preparo é o que chama a atenção: Folk, Indie-pop, uma pitada de eletrônica e voilà! Rosemary & Garlic está no ponto, e pronto para ser degustado.
A banda holandesa, protagonizada por Anne van den Hoogen, nos mostra um cardápio repleto de sabores. Do tradicional Folk a eletrônica, Rosemary & Garlic tem o dom de envolver gêneros de forma natural, tanto quanto a água que cultiva a nossa horta. Natureza essa que nos é apresentada em “The Kingfisher”, EP lançado em 2015, com destaque para “Old Now” e toda a sua prostração.
Fazendo jus ao naturalismo musical enraizado em suas composições melódicas, no clipe que leva a faixa título do EP, experimentamos a leveza infinita arrolada na paz que nos é manifestada através da lentidão harmônica e da profundidade do som do piano, além das imagens de um horizonte constituído por árvores e um mar de gelo, dando claras referências à letra da música:
Entre um single e outro, Rosemary & Garlic lança seu álbum de estreia auto-intitulado, e como uma boa chef, Anne nos apresenta seu prato principal, com todos os ingredientes que citamos no início desse texto. Como havia vos adiantado, a receita é simples, mas o modo de preparo é o segredo. “Fireflies” é um exemplo claro de como é possível fazer um bom trabalho com piano, um pouco de indie-pop e uma voz firme, nos dando a sensação de coragem e agonia. Estranho, não? Pois bem, apenas provando para saber.
Que tal “Wintering”? A balada lírica dessa música certifica o menu recheado de sensações toadas pelas vibrações da banda holandesa. Eles também têm aquele dom raro de usar suas influências – Nick Drake, Joni Mitchell, Sufjan Stevens – como ponto de partida e não como modelo. Assim, se definem.
Pensam que acabou? Que nada…
Em 2018, a banda fez apresentações, impressionando muitos com um espetáculo encantador na Igreja St. Pauli em Reeperbahn, Hamburgo, e no Paradiso Amsterdam, que lhe renderam, pouco tempo depois, o “A Step Outside”, primeiro EP ao vivo, com 6 músicas tocadas nas duas ocasiões.
Deixo aqui as palavras sinceras de Anne van den Hoogen sobre a experiência de tocar e gravar ao vivo:
“Eu sempre tive um amor por músicas ao vivo, embora elas pareçam bastante raras hoje em dia em serviços de rádio ou streaming. Uma versão ao vivo de uma música pode possuir a magia da conexão entre os artistas e o público. Eu amo o som de um salão ou sala em que muitas pessoas estão tentando ficar quietas e o artista às vezes ri ou conta uma piada de mau gosto… Meu álbum ao vivo favorito é Miles of Ailes (1974) de Joni Mitchell”.
E complementa:
“Sair e tocar essas músicas ao vivo foi algo que achei bastante difícil. Isso não mudou realmente, mas o que mudou foi a minha opinião sobre o que significa tocar ao vivo. Pode criar aquela atmosfera mágica, algo de que você tem tanto medo e é viciado”.
Ouvir Rosemary & Garlic é como respirar e inspirar, temperar e cozinhar, viver e experimentar. É como doce e salgado, assado e frito, alecrim e alho.
E aí, bateu a fome?