Ana & Eric estreiam EP trazendo fôlego para o ar pesado de 2020

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A definição de folk no Brasil é sempre algo que discutimos entre amigos músicos e convidados do Folkalizando, o nosso podcast. Apesar de ser uma nomenclatura relativamente nova no nosso país, esse estilo está enraizado na música regional, no rock rural, no baião, na música caipira e de diversas outras formas na MPB. E eu considero sempre muito rico estudarmos e debatermos sobre isso por aqui.

De uns anos pra cá, uma nova leva de artistas começou a fazer folk, com essa terminologia mesmo, misturando tudo o que já havia na música brasileira e acrescentando diversas outras influências, marjoriatiamente da cena pop e/ou indie.

E por que eu tou falando isso tudo?

Para poder apresentar para vocês o novo e brilhante trabalho do duo Ana & Eric. Autointitulado, o EP conta com seis faixas que reúne uma trajetória de quase uma década de música, uma interseção dos trabalhos solo de Ana Luísa Ramos e Eric Taylor Escudero. Mais que um projeto conjunto, o duo é a expressão de dois artistas que se complementam, num encontro do folk rock com a MPB, da bossa nova com o indie rock. Nesse trabalho Ana & Eric mesclam tons de algumas de suas maiores referências, passando por Rodrigo Amarante, Kings of Convenience, Bright Eyes, Fionn Regan e Beatles.

A curiosa mistura não fica apenas nas sonoridades e influências mas também em letras que passeiam pelo português e inglês. O que permite a dupla expressar suas mensagens tanto para o público em seu país natal quanto para seus novos ouvintes no Canadá, onde hoje estão radicados e por onde têm feito algumas apresentações deste lançamento. Também é do Canadá o selo The Citadel House que assina o trabalho e sob o qual a dupla também deve lançar um álbum completo no ano que vem.

Num ano complicado como este de 2020, a proposta aqui soa leve, com melodias folgadas e confortáveis, como aquela camiseta fina que a gente veste para ir a um parque num dia quente de verão. Aliás, o trabalho é uma excelente trilha sonora para que possamos nos sentir mais livres e frescos nesses dias aprisionados em casa e com máscaras a impedirem aquela boa brisa de bater na cara.

A começar com “Hope”, uma música que traz uma reflexão sobre a esperança, passando por faixas que falam sobre ar, mar, flores, a luz do sol, o céu – espaços abertos, enfim, dos quais sentimos tanta saudade durante nossos dias de confinamento, culminando com uma faixa bilíngue e poética.

Minha favorita é de longe “Lights My Way”, um folk rock super pra cima e que dá vontade de cantar junto. Mas preciso ainda chamar a atenção para o belíssimo arranjo e solo de gaita em “The Sunset”, além da maravilhosa mensagem ao final de “The War / O Vento”: “Vem cá. Deixa disso. Olha o mar que se desfaz em cada onda e não é mais que o vento… É o vento!”.

Um EP para respirar.