Dia da Mulher: 8 projetos folk encabeçados por mulheres que você precisa conhecer

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A forma como o Dia da Mulher é comemorado sempre me deixou com um pé atrás. Nas empresas em que trabalhei, por exemplo, ganhávamos flores e chocolate. Mas este dia é um dia de luta. Sempre foi sobre a nossa luta! Luta pela igualdade, pelo reconhecimento, para nos enxergarmos como seres humanos capazes de fazer igual ou de forma ainda mais competente que os homens.

Por ser mulher e enxergar muito bem o nosso papel na sociedade, sempre tento garimpar talentos, sejam novos ou tradicionais, para compartilhar por aqui. Já criamos a nossa própria playlist de Mulheres do Folk lá no Spotify, já postei aqui uma lista do The Bluegrass Situation com os 50 melhores álbuns de bluegrass feitos por mulheres, já gravamos um episódio do Folkalizando (o nosso podcast) reunindo diversas mulheres que fazem folk no Brasil para conversarmos sobre a cena, e temos uma lista clássica de mulheres importantes na história da música folk americana.

Se você acha que tudo isso é o bastante para conhecer o que as mulheres têm feito na música folk, está muito enganado(a). Neste ano, resolvi reunir 8 projetos encabeçados por mulheres que você precisa conhecer. Rola aí o dedo ou mouse para conhecer essas guerreiras:

Our Native Daughters

Não bastasse ser um power grupo de mulheres no folk, Our Native Daughters escolheu cantar sobre as origens das mulheres afro-americanas. Formado por Rhiannon Giddens (do Carolina Chocolate Drops), Amythyst Kiah, Leyla McCalla e Allison Russell (do Birds of Chicago) estas mulheres trazem uma nova luz sobre as histórias de luta, resistência e esperança. Com uma honestidade inflexível e afiada, elas confrontam visões sobre a história da escravidão, do racismo e da misoginia na América, a partir de uma poderosa perspectiva negra feminina. Em março do ano passado, elas lançaram o seu primeiro álbum “Songs of Our Native Daughters” (veja resenha completa do trabalho aqui).

Highwomen

Um dos trabalhos mais comentados no ano passado foi a reunião de Brandi Carlile, Natalie Hemby, Maren Morris e Amanda Shires no power grupo chamado Highwomen. O nome, claro, faz referência ao lendário Highwaymen, formado por Johnny Cash, Waylon Jennings, Willie Nelson e Kris Kristofferson, que se revezam cantando versos sobre ser um soldado, um marinheiro, um construtor de represas e um piloto de naves que foram assassinados. Apesar de terem nomes já reconhecidos no meio country, as Highwomen buscam uma representatividade maior na cena da qual fazem parte. Mais que um grupo, este trabalho é um movimento de mulheres que querem que nossos direitos sejam debatidos e nossos valores reconhecidos. Seu primeiro álbum, homônimo, também foi lançado no ano passado.

Midnight Skyracer 

Se existe um segmento do folk onde os homens são de longe a maioria é o bluegrass. Mas isso não impediu que um grupo como as Midnight Skyracer surgisse no Reino Unido e ganhasse destaque por toda a cena. O quinteto anglo-irlandês é formado por Leanne Thorose,Tabitha Benedict, Eleanor Wilkie, Laura Carrivick e Charlotte Carrivick. Elas não apenas dominam todos os instrumentos da banda, como possuem harmonias vocais inigualáveis. Formado em 2017, o grupo já acumula na bagagem a distinção de ser o primeiro ato britânico nomeado para um prêmio pela International Bluegrass Music Association.

I’m With Her

Este projeto reúne, desde 2014, três nomes incríveis da música folk com talentos distintos e composições primorosas. Nele Sara Watkins, Sarah Jarosz e Aoife O’Donovan unem faixas autorais de folk, gospel, bluegrass e uma cultura americana mais ampla. Suas letras fazem todas nós mulheres nos identificarmos de prontidão. Elas falam sobre jornadas, separações, amores conquistados ou perdidos e, claro, resiliência, através de narrativas que se voltam muiro mais para o sentido metafórico que para o confessionário.

Rising Appalachia

Rising Appalachia é o projeto musical das irmãs Leah e Chloe Smith, que apesar de terem crescido em Atlanta, foram instiladas por sua mãe com o espírito tradicionalista das Montanhas Apalaches, um espírito que abraça a linhagem profunda da música de raiz. Por isso, sua música é uma mistura do som dos Apalaches – banjo, violino, percussão mundial – e a potente linha de baixo do hip-hop nas ruas de Atlanta. Ao mesmo tempo que fazem este trabalho fenomenal, as irmãs também são feministas politicamente ativas, participando da revolução consciente da música e promovendo mudanças ambientais e sociais.

Puss n Boots

Puss n Boots é mais um dos projetos que reúne mulheres com talentos distintos e que, por afinidade, resolveram se unir em prol de algo através da música. Formado em 2008 por Sasha Dobson, Catherine Popper e Norah Jones, o power trio só lançou seu primeiro disco em 2014, e permitiu que as artistas mostrassem um lado diferente de si mesmas em seus vários projetos solo e paralelos. A união das três aqui não foi, a príncipio, uma saída sociopolítica, mas suas atitudes como artistas à frente desse projeto nos faz sentir representadas e nos ajuda a encarar desafios nesse meio injusto da indústria musical.

boygenius

O mosquitinho dos powertrios também picou artistas da cena indie e fez as promissoras artistas de indie-folk-rock Lucy Dacus, Julien Baker e Phoebe Bridgers unirem seus talentos no boygenius. uma banda cujo nome é uma ode aos homens nasceram com uma confiança inabalável sobre sua arte e cuja capa do primeiro EP, homônimo, presta tributo ao trio Crosby, Stills & Nash (veja aqui). As boygenius ainda mexem em mais uma ferida quando são referidas a um grupo de garotas que fazem músicas tristes, a quem as chamem de Sad Girl Club por causa as melodias e letras que evocam.

Corcel

Não pensem que no Brasil também não temos uma cena se destacando neste aspecto sociocultural. Além de fazer música no segmento folk, as meninas da Corcel encabeçam projetos incríveis que movimentam e fortalecem a cena independente. O São Paulo Folk Festival, por exemplo, tem o dedo delas e já levou para seu palco artistas como O Bardo e O Banjo, Folksons e os Mustache e os Apaches. Ano passado, elas levaram para as ruas de São Paulo, o Bloco Folkeria e, recentemente, também emplacaram o projeto Do Folk ao Funk, misturando culturas e quebrando paradigmas musicais.