Não tem jeito. Um filme sobre música sempre me pega de jeito.
Estava procurando algo para ver no cinema, porque eu não colocava meus pés num desde o ano passado. Então me deparei com uma comédia estrelada por Al Pacino, chamada “Não Olhe Para Trás”.
Li a sinopse e o meu interesse não aumentou. Vi o trailer e o que consegui pensar foi “é… deve ser legal”. Por fim, decidi ir. Mesmo imaginando que a sessão só teria eu e as companhias que levei comigo.
O filme começou com a sala meio cheia, meio vazia. E permaneceu assim até o fim. Mas o filme, ah… Esse aumentou no meu conceito.
O enredo conta a história de Danny Collins, um astro do rock que está falindo e recebe de presente de aniversário uma carta que o John Lennon o havia escrito há 40 anos e nunca tinha chegado às suas mãos.
Na carta, Lennon falava sobre não ser corrompido pelo sucesso, pela fama e pelo dinheiro. Ou seja, um nocaute para o velhinho que estava vivendo do mesmo sucesso há 30 anos.
Enquanto o filme desenrolava, eu vi na história do Danny Collins, histórias do Cash, do McCartney, do Willie Nelson e de tantos outros astros que tiveram muitos altos e baixos nos bastidores da industria musical. Coisas que pouca gente sabe, mas algumas biografias contam.
O filme, no geral, é mais sério que engraçado. Ri, me emocionei e fiquei chocada ao saber no final que a história que inspirou o filme foi de um cantor folk. Isso mesmo, um cantor folk recebeu a carta de Lennon falando sobre como lidar com o dinheiro da fama e com seu número de telefone no final para um papo mais aprofundado.
O nome dele? Steve Tilston. Um britânico de Liverpool.
Coincidência ou não, esse fato me fez sentir que não tinha perdido meu dinheiro naquele ingresso.
A história da carta de Lennon para Tilston foi revelada em 2010. O beatle escreveu ao músico e ao jornalista Richard Howell depois de ter lido uma entrevista que Tilston concedeu ao jornalista em 1971 e que foi publicada numa revista sobre música, chamada ZigZag. Neste link, você lê algumas curiosidades bem interessantes e que comparam a carta original e a carta do filme.
Ah… Só mais uma observação. Salvo engano, vi nos créditos iniciais o nome do fabuloso Ryan Adams cuidando da parte musical do longa.
É um filme excelente? Não, não é. Mas vale o registro da história e dos bastidores da música que pouca gente conta. Além de, claro, conhecer mais um nome histórico do folk.
Confira Steve cantando “The Reckoning” no Bath Folk Festival:
E aqui está o trailer de “Não Olhe Para Trás”: