Martiscool em flores e versos

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As flores nascem: enchem os olhos com sua paleta de cores, sua sublime forma de acompanhar o vento, seus beijos-pólens nas abelhas que passam. Porém, a história das flores é a história do amadurecimento. Toda flor, quando tirada da árvore, murcha. Isso significa que ela não está pronta, ainda, para o público. Ela precisa, naquele ponto da árvore, alcançar o patamar de fruta: transpor beleza em potência. Ser possível de se dividir para alimentar. As cores ainda se mantém e, as pétalas como casca, se tornam prontas para ganhar o mundo.

“Em busca”, EP de lançamento da Martiscool, transborda isso: amadurecer. Poderíamos dizer, talvez, que é sobre Amaduressência, esse trajeto entre o que eu era e o que pretendo ser. Logo no nome do disco já se percebe isso: as coisas ainda estão sendo procuradas, achadas, encontradas. Como uma síntese de tudo que o disco diz.

As canções passam por uma caminhada de autoconhecimento: uma investigação cantada, sempre à procura do tom exato. Desde questionamentos sobre as dicotomias da vida, à fluidez dos gostos, a incerteza de estar se firmando identidade. Cada faixa, como um ciclo, uma experiência. E mesmo a sonoridade vai se intensificando, ampliando a quantidade de instrumentos e a complexidade das melodias: essa bagagem que adquirimos a cada entardecer da vida.

Destaque para “Refrão da Minha Vida”, música que fecha o disco (este otimamente produzido pelo Costa, esse enorme), que canta justamente sobre o que fazer quando a maturidade chegar. Cada parte da música sobre um tempo, cada linha uma representação de experiência. Martiscool representa uma força criativa e lírica tão grande quanto o tamanho da palavra anticonstitucionalissimamente em relação ao tamanho da palavra nó. Ficaremos aqui observando as flores e esperando que, quanto mais belas, melhores frutos serão. E que Martiscool nos proporcione, ainda mais, flores belas e frutas maravilhosas nessa sua caminhada perpétua.

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