Novos singles que ouvimos: The Staves, Marlon Williams, Matheus Noronha, Fortunante Ones, Adam Barnes e outros lançamentos
por Maísa Cachos
Na lista desta semana, lançamentos de artistas que amamos e novas descobertas preciosas. Confira as novidades que selencionamos:
“I Wonder Why” – Kacy & Clayton + Marlon Williams
Eu sou simplesmente apaixonada pelo trabalho do neozelandês Marlon Williams, ele é uma mistura de ícone indie com um clássico crooner e isso faz com que eu persiga todos os lançamentos aos quais eles esteja envolvido. Neste mês, dei de cara com essa colab que ele fez com o duo canadense Kacy & Clayton, e como eu já esperava foi paixão ao primeiro play. O single tem aquela aura de folk retrô e é só um pequeno aperitivo de um álbum completo que está por vir em dezembro.
“Flotando” – Matheus Noronha
Quando ouço qualquer canção que se categoriza como indie folk feita no Brasil e cantada em inglês, sempre bate um receio de ela conseguir emanar o mesmo sentimento que os artistas gringos conseguem emanar. Isto porque não é tão fácil criar um som tão atmosférico bem como cantar num idioma diferente do seu e ainda assim conseguir expressar a verdade do que está sendo cantado. Fiquei feliz demais em encontrar em “Flotando”, do Matheus Noronha, vários elementos graciosos e ainda uma canção que nada deve ao indie folk feito lá fora. Talvez sejam as experiências que o músico gaúcho carrega em viagens mochiladas pela América Latina e suas influências advindas de nomes como Jorge Drexler, Julieta Venegas e da literatura de Eduardo Galeano. A verdade é que eu amei este single, acho que você deve ouvi-lo e ainda ficar de olho em novidades deste artista. Eu me surpreendi e espero que você também se surpreenda.
“Evergreen” – Saulo Mendes
Permita-me me aproveitar do que disse do single anterior para falar deste aqui. Marcando a estreia do músico mineiro Saulo Mendes, o single “Evergreen”, também se caracteriza como indie folk e dos bem feitos. A faixa soa super melódica, com características minimalistas, aquele som atmosférico e com elementos que vão sendo acrescentados a medida que a música vai enfatizando o que quer dizer. Sua letra trata, composta em meio a tantas sensações diversas desse atípico ano de 2020, trata de assuntos como a perenidade do amor, o tempo e a eternidade. Mais uma graciosa surpresa do indie folk feito em nosso país.
“Moment” – Michael Lane
Falando ainda em indie folk e sons atmosféricos, eu convido você a ouvir “Moment”, o novo single do Michael Lane. A canção, como o próprio nome diz, fala sobre extrair o máximo da vida. A sonoridade melancólica e a suavidade do vocal são encantadores. E a canção faz ainda mais sentido quando você tem a informação de que Michael é um ex soldado que esteve nas guerras do Iraque e do Afeganistão. Certamente, este é o tipo de pessoa que tem muito a dizer sobre viver o momento presente. A faixa chegou ainda acompanhada de um clipe que retrata muito bem a sua essência. Veja abaixo:
“Good Woman” – The Staves
Eu já havia comentado aqui sobre o retorno das The Staves e o primeiro single do novo trabalho. Agora, elas nos presentearam com a faixa que dá nome ao próximo álbum. “Good Woman” retrata bem um momento turbulento da carreira das irmãs que mistura fim de relacionamentos, a morte de sua amada mãe e o nascimento do primeiro filho de Emily (uma das irmãs Staves). Para abrilhantar ainda mais letra e melodia, a faixa chegou acompanhada de um vídeo com sua apresentação ao vivo e está simplesmente fabuloso.
“It’s Ok” – Fortunate Ones
Um dos meus duos canadenses favoritos, o Fortunate Ones, divulgou seu novo single “It’s Ok”. A faixa traz uma mensagem de esperança e emana aquele sentimento de comunidade tão importante em momentos difíceis como este que todos temos passado, especialmente os zilhões de artistas que não tem como exercer seu trabalho nas estradas e palcos mundo afora. A canção integra ainda um vindouro EP colaborativo, intitulado “Songs from Home”, que reúne outros amigos do duo que são artistas de Newfoundland, no Canadá.
“As It Was” – Sway Wild
Essa foi a primeira vez que ouvi o trio de folk-rock Sway Wild e não tinha como não indicar o mais recente singles deles, “As It Was” aqui. Algumas coisas me chamaram a atenção: a começar pela intensidade das vozes, em especial a da Mandy Fer, que reforça a narrativa com garra e beleza. Depois, a própria narrativa, o single em questão aborda a epidemia de violência armada na América. Por fim, o excepcional trabalho de guitarra elétrica, de novo, da Mandy Fer. Sem dúvidas, essa canção é um excelente cartão de visitas para o trabalho da banda. Vale ainda dizer e uma porcentagem da receita gerada pela faixa será destinado a grupos de defesa do controle de armas/justiça racial.
“Countrysider” – Autmumn Talks
Folk brasileiro, feito com essência country e cheirinho de interior. Assim é “Countrysider”, o novo single do Autumn Talks. A canção composta pelo músico depois que saiu do caos de São Paulo e voltei para o aconchego interioriorano, fala exatamente sobre isso: sobre ser um caipira e se reconectar com suas raízes. Este é ainda o primeiro single do projeto sob o selo da gravadora americana Bentley Records, com a qual pretende lançar um álbum completo no ano que vem.
“Drive” – Adam Barnes
Uma das faixas mais intensas dessa lista, “Drive”, o novo single do Adam Barnes, é daqueles que nos prendem nos primeiros acordes e palavras. A temática aqui fala sobre, como músico, ele usa suas turnês para fugir de seus problemas, apenas para descobrir que os problemas apenas viajam com ele. Se isso não é intenso, o que seria? Para além disso, a energia que ele coloca em sua interpretação é muito envolvente, dramática até. Não tem como não nos transportamos para o ambiente da música. Por fim, um jogo de frases belíssimo e agradavelmente grudento que vai te fazer facilmente cantar (e sofrer) o refrão junto com ele, depois de um par de audições.
“Pay Me” – Sweet Roger
Fecho essa lista com uma faixa que, como o próprio nome reflete, fala sobre trabalho e remuneração. Mas não é só isso, ela carrega uma curiosa história por trás de sua composição. Sweet Roger conta que “Pay Me” foi inspirada numa imagem que ele viu durante uma viagem que fez. Ele estava em Los Angeles, num mercado de pulgas, e avistou essa foto em preto e branco de um homem encostado numa árvore, contando dinheiro e com um sorriso curioso no rosto. “O vendedor me disse que o fotógrafo estava viajando pelo sul e encontrou esse homem que ganhava a vida derrubando árvores mortas e tirou um retrato dele. Na época, eu ouvia muitos artistas antigos de blues e folk do início da metade do século. Imediatamente ouvi uma melodia que coincidia com a imagem sombria da fotografia, que agora reside na minha parede de casa!”, partilha o artista. O resultado é esse folk abluesado sombrio e instigante.