Não precisa ir muito longe, basta dar play na primeira faixa – que também dá nome ao disco – para perceber o que as 10 canções de “Sanatório Hostil”, o quarto trabalho de estúdio e totalmente autoral do Murillo Augustus pode nos oferecer.
Belos dedilhados, contagiantes riffs de guitarra, gaitas melódicas, foot tapping animadores, e narrativas inteligentes e cotidianas. Não falta nada nesse disco. Também pudera, são mais de 15 anos na estrada – dos quais 8 são como one man band – fazendo o que se gosta e evoluindo em cada produção.
Por falar em produção, esta aqui conta com a um dos grandes nomes da guitarra country mundial, Matheus Canteri, hoje residente em Nashville, como membro da banda The Royal Hounds. As letras ficam por conta da parceria de longa data de Murillo e seu amigo escritor João Affonso. “O João é o meu letrista favorito. Lúcido, criativo e, nesse novo projeto, vem com uma acidez poderosa, sem deixar o bom-humor de lado”, já havia comentando o músico.
Como se não bastasse, “Sanatório Hostil” conta com a participação dos músicos Marcos Renato Silva (no violino de “Ora-Pró-Nobis”), Luiz Ferreira em “Sem Sintonia), Johnny Voxx (em “A Barata É O Barato” e como backing vocal em “Não Sobrou Ninguém”), Vasco Faé (gaita e voz em “Não Sobrou Ninguém”), e Victor H. Semeghini Jr (no sax reto em “Confrades”).
A grande essência desse trabalho, ao menos para mim, está no saudosismo que se mistura a uma crítica ao mercado musical. O que, inclusive, faz com que “Sem Sintonia” seja a minha faixa favorita.
Neste trabalho, Murillo não só nos lembra de grandes nomes da música mundial, como também da importância deles no legado que nos deixaram. Isso tudo sem deixar de lado suas raízes caipiras, os amigos que fez na estrada, a simplicidade da música e a aventura que é ser um one man band.
Começamos bem o ano!
