Oldies & Goldie’s: a música de Marina Gold e sua releitura dos anos 70

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Eu tenho uma relação de amor e ódio com covers. Prefiro, na maioria das vezes, consumir músicas autorais. Gosto de ouvir o que o(a) artista tem a dizer ao seu público e, por vezes, fico triste ao ver potenciais serem desperdiçados na tarefa de apenas replicar algo que foi genuinamente expressado por outros(as) artistas.

Por outro lado, se um cover é bem feito, ele ganha meu coração. Não à toa, eu criei uma playlist chamada Folk Covers e ela já conta com mais de oito horas de muitas releituras pelas quais eu sou completamente apaixonada.

Dito isso, me sinto pronta para indicar para vocês um EP lançado na última semana de agosto e que, com certeza, entrou na lista de amor por covers. Trata-se de “Oldies & Goldie’s”, da paulistana Marina Gold, que apresenta quatro releituras e uma faixa autoral.

A abertura do trabalho fica por conta da faixa de composição própria. Intitulada “Anxious”, a canção foi produzida por Gino Martini. Sobre ela, Marina diz: “Vivemos em uma era acelerada em todos os sentidos, onde as pessoas cada vez mais querem as coisas para ontem e se frustram com os processos e prazos, e isso me fez querer escrever algo sobre a ansiedade. Ficarei realizada se através dessa música conseguir acalmar ao menos uma pessoa nesse estado de angústia”.

“Anxious” chegou muito bem acompanhada de um lyric video que vocês podem conferir logo abaixo:

A partir daqui, me deparei com o desafio de ouvir a artista cantar canções consagradas de artistas icônicos, especialmente dos anos 70.

Primeiro, “Space Oddity”, de David Bowie. Uma canção com a qual eu tenho extrema afinidade desde que li o livro Calling Major Tom, um romance/ficção do  jornalista e escritor inglês, David M. Barnett. Além da versão de Bowie, eu sou fissurada pela versão do Passenger. Talvez até prefira ela à original. A crueza da voz acompanhada de violão sempre me pega.

Depois “Wild World”, de Yusuf Slam/‪Cat Stevens, com a qual eu tenho uma ligação quase sobrenatural. A história é longa e não cabe contá-la aqui, mas vale dizer que tem a ver com sua composição “Father and Son” e coincidências entre sua letra e momentos vividos por mim e meu querido pai já falecido.

No meio, ainda aparecem “Dreams”, de Fleetwood Mac, e “Roxanne”, de Police. Canções que aprecio e gosto bastante, mas não se comparam ao que sinto quando ouço as citadas anteriormente.

O EP é leve e perfeito tanto para ambientar a casa para recepcionar os amigos, quanto para ouvir no carro, cantarolando durante uma viagem daquelas na qual escapamos da correria da cidade grande para um fim de semana no interior.

Eu adorei a ideia de Marina de começar nos apresentando uma canção sua, assim seguimos a audição com uma base para mergulhar em suas referências, sabendo quem ela é e sua identidade musical. E mais, entendendo como essas inspirações a ajudaram a moldar sua forma de fazer canções.

Vale os parabéns, também, para o músico Vinicius Cavaliere, que é o responsável por tocar todos os instrumentos nestas releituras e, junto com Marina, produzir as quatro faixas.

Certamente é um trabalho que vai continuar ganhando uns repeats no meu Spotify e que me despertou a vontade de conhecer mais da criatividade e musicalidade da Marina Gold.

Play para ouvir na íntegra!