The Frisbys mergulha nos altos e baixos da mente humana em “My Wicked Mind”
por Maísa Cachos
É inegável que estamos mais atentos a importância da sanidade da nossa mente nos últimos anos. Quanto mais informações nos é acessível, mais descobrimos quão frágeis e limitados somos. Mais prestamos atenção aquilo que nos faz bem e mais nos afastamos do que consideramos tóxico para nós. Seguimos nos adaptando para uma vida na qual queremos ser mais do que ter. E vamos perdendo o medo de refletir, de negar o que não queremos e, acima de tudo, afirmar o que queremos e o que somos.
É exatamente sobre essa agitação interna que sentimos, bem como a força resoluta da nossa mente que se trata “My Wicked Mind”, o novo EP da banda inglesa The Frisbys.
A faixa “I heard”, que abre o EP, é um música enérgica e urgente. Ela foi o primeiro dos singles de divulgação do trabalho, nos deixando um gostinho de sua mensagem. “‘I Heard’ é uma música de luta. Trata-se de manter uma determinação sem fim para avançar, mesmo quando todo mundo está lhe dizendo que o que você está tentando alcançar é impossível”, explica a banda. A canção ganhou um vídeo no estilo Quarantine Sessions. Confira:
Em seguida temos a delicadeza e doçura de “Print”, que apesar de soar como uma música romântica, fala mesmo é sobre como precisamos deixar de lado a opinião alheia na hora de tomarmos decisões importantes para nós. Quem a segue é a balada alegre de “Gretna”, uma narrativa que conta a história de uma garota que foge para Gretna Green, uma localidade da Escócia, apenas para se decepcionar quando percebe que tudo não estava exatamente como lhe foi prometido.
Na reta final do EP, nos deparamos com o charme agridoce de “Lead Me to the Water” e sua letra incômoda que fala sobre deixar-se levar a um relacionamento que você e seu parceiro sabem que é ruim, mas ainda assim seguem, meio que como ser deixar ser levado para a água por alguém que sabe que você não sabe nadar.
E o trabalho encerra com a certeira “You Are”, uma canção fortemente inspirada em cartas escritas para soldados perdidos durante guerras e na incerteza de saber se a mensagem seria recebida em seu destino final. “Era a idéia de que uma lembrança como uma foto ou uma carta pudesse ter tanta importância e fornecer uma tábua de salvação para o autor e o destinatário nos momentos mais sombrios”, comenta a banda.
Apesar de sonoramente diferentes, quando estão juntas, as canções deste EP nos fazem mergulhar na estranheza e maravilha da mente humana, nos fazendo refletir como algo como algo que pode criar tanta beleza também pode causar bastante dor.
O único defeito aqui é ser um EP curto demais para o tamanho do talento da banda e a mensagem que nos passam. Sem dúvidas, essas faixas nos levam a uma jornada de reflexão e descoberta emocional, enquanto somos presenteados pelos vocais harmoniosos das gêmeas Helen (vocal, flauta) e Nicola Frisby (vocal, violão) e embalados por melodias majestosas que elas constroem com seus parceiros de banda.
Taí um EP para ficar no repeat e uma banda para não ser perdida de vista.