Trinca de Áries: Três flores fazendo primavera

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Toda semente é uma esperança: a partir das primeiras rachaduras de sua casquinha, a anunciação de um mundo (e um modo) novo nasce junto. O mundo é mais mundo com flores. Pensava que quando se sonha tão grande a realidade aprende, ouvi uma vez de um livro do português Valter Hugo Mãe. E o que seria a primavera senão a concretização do sonho de toda flor?

E quem sonha e põe flores no mundo é a Trinca de Áries, lançando seu primeiro álbum cheio, chamado “Primavera”. Abrindo com a faixa “Bem vindes”, em que se pode ouvir, pela voz de várias mulheres, os desejos por mais empatia nesse mundo pós-pandemia que nos espera (e que já ansiava por mais gestos empáticos mesmo antes de tudo). O álbum diz sobre os florescimentos possíveis no nosso cotidiano: como um comentário sobre as nossas posições no mundo, na cidade, nas pessoas, etc.

O trio, formado por Danilo Carnevalli (cantor e compositor), Mayara Franco (cantora e violinista) e Guilherme Favaro (voz e percussão), continua o trabalho já bem produzido no single “Pode ser”, que você pode encontrar nesta resenha aqui.

Destaque para a canção que encerra o disco, “Fantasmas”, que sustenta a frase “primavera onde quero estar”, que ao mesmo tempo que nos remete ao lugar preferido das flores, também denota que primavera é onde as flores estão, independente da época. E nós, como flores-metáforas, temos a força de fazer primavera em qualquer lugar.

Como diria Drummond, que também escreveu sobre flores em momentos completamente estranhos e difíceis, “façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu”. Nesses momentos em que o silêncio nas ruas e os negócios fechados são o novo normal, nos ouvidos nasce uma flor. Uma linda flor. Esperançosa, consciente, primaveril. Garanto.