Conheça Gloria, a personagem que abre “III”, o novo trabalho dos The Lumineers

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Depois do sucesso de “Cleópatra”, parece que o grupo The Lumineers decidiu seguir na linha de contar histórias. O novo disco da banda, intitulado “III”, conta com a história da avó, do filho e do neto. A da primeira personagem foi lançada no final de maio.

O grupo lançou um EP com três músicas e, logo após o lançamento, três clipes foram divulgados. Os vídeos, mais do que um simples adorno para a obra, são uma peça fundamental para entender a história da personagem.

As faixas contam a história de Gloria, uma órfã, adúltera e alcoólatra. Cada canção trata de um aspecto da personalidade da personagem. “Donna” explora o luto da personagem, “Life In The City” apresenta uma personalidade devassa e “Gloria” mostra o vício da protagonista.

“Donna” é a primeira música do EP. O piano melancólico e cheio de reverb mais passa a intenção de uma canção fúnebre que qualquer coisa. Porque é exatamente isso. O piano acompanha a cena de uma família sendo fotografada, Gloria, seu esposo e seu filho. A primeira estrofe diz “Eu salvei uma foto onde seu cabelo estava trançado / Eles encontraram sua carteira no cemitério”. Alguém morreu, e foi Donna, a mãe de Gloria, agora órfã, como a próxima estrofe revela: “Sua mãe nunca foi uma”.

Donna também fala um pouco sobre o vício de Gloria, o alcoolismo em “Um menino nasceu em fevereiro / Você não conseguia ficar sóbria para segurar um bebê”. A canção, na última estrofe, diz “Você está rezando por um funeral / Você cantou como aleluia”, mostrando o reflexo de uma família desestruturada que, provavelmente, Gloria teve. Família e vício são os dois assuntos mais tratados nessa primeira parte do trabalho.

Em “Life In The City”, segunda canção do EP, Gloria é apresentada como uma devassa, que vive a vida nas ruas, enquanto o seu esposo dorme. A introdução acelerada acompanha um ritual de consumo de drogas. Cocaína, a droga da adrenalina. As cenas no clipe mostram uma personagem extremamente diferente da primeira música.

Mais uma vez, a família de Gloria é mencionada: “E eu sinto falta do meu pai, Cleopatra sentada ao telefone”. O tom melancólico e a narrativa de um eu lírico carente revelam um possível motivo pra tudo isso. A última estrofe da canção é uma referência a “Sleep On The Floor”, do último disco da banda. A ideia que se tem é a de uma personagem que vive assim pra fugir da vida real.

A família feliz e exemplar do primeiro clipe é desconstruída no fim da canção, quando a protagonista chega em casa e o seu esposo está dormindo. A carta em cima da cômoda, dizendo que a mãe de Gloria ainda estava no hospital mostra que esses eventos aconteceram antes da primeira música, enquanto a mãe de Gloria ainda estava viva.

“Gloria” é a terceira e última faixa desse trabalho. Um final pesado e intenso, como a própria canção sugere, com instrumentos ritmados e acelerados. O que se tem no último ato já era esperado: “Glória, sinto o cheiro de sua respiração / Glória, álcool e hortelã”. Uma overdose e um acidente de carro pra fechar a história. Ao final do clipe, mais uma vez, ouve-se o toque fúnebre da primeira canção.

A última canção também mostra as consequências do vício, a queda de uma família. No clipe, cenas de brigas e discussões são mostradas ao telespectador, enquanto é cantado “Gloria, você já teve o suficiente?”.

No meio de todo esse caos, conhecemos Gloria, uma personagem breve, apresentada em menos que 15 minutos, mas extremamente profunda. A organização do EP explica como tudo começou, e os motivos pra tudo ter acontecido. Os problemas familiares influenciaram Gloria a levar uma vida de libertinagem, uma fuga da realidade, e a consequência disso foi uma overdose, a crise.

The Lumineers não se contentou em contar a história de uma mulher e decidiu contar a história de uma família, talvez. A primeira, apresentada nesse primeiro EP, tem problemas sérios e possui mais profundidade que “Cleopatra”. A narrativa, que tem o próprio marido como narrador, termina com uma criança sentada no chão. Seria ela a segunda personagem?