[Entrevista] Conheça o melancólico e introspectivo folk de Freyr

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Talvez você já tenha esbarrado nas canções do Freyr Flodgren em alguma playlist por aí. “Over My Head”, seu primeiro single solo oficialmente lançado, por exemplo, entrou na lista de Best Indie Folk of 2018, do famoso canal no YouTube Indie Folk Central, o mais conceituado do estilo.

Não à toa. A faixa é lindamente construída. Ela se torna gradualmente majestosa, adicionando piano e teclas, bem como vocais suaves de fundo. Mantendo sempre uma atmosfera íntima e confessional.

E se você, assim como eu, se encantou a ponto de ter curiosidade sobre a origem da canção, ela surgiu em um sonho. Eis o que conta o próprio autor: “Eu estava cantarolando essa doce melodia até adormecer em algum lugar e tive um sonho. Eu vi uma casa abandonada queimando no chão, bosques ao redor, uma leve chuva e fogo. Então eu me vi em pé na janela do topo, muita luz saiu.

Abaixo, você também pode ver uma performance ao vivo do músico para a faixa:

Freyr, como é mais conhecido, é sueco/islandês vem se interessando pela música desde a sua infância. O músico cresceu em Durham, no Reino Unido, e passou um bom tempo tocando em Londres, além de fazer parte de vários projetos musicais ao longo de sua jornada – como Brother North, Lärkträdet e Högkvarteret – em sua cidade natal Umeå.

No entanto, foi apenas após sua mudança para Estocolmo, a capital da Suécia, que o músico se tornou devidamente focado em sua carreira solo. Em parceria com o produtor Tyler Johnson, ele produziu “Over My Head”, “I’m here” (que você pode ouvir logo abaixo) e mais algumas canções que estão a caminho, no Estúdio Demningen – localizado nas montanhas ao redor de Bergen, na Noruega . “Tyler Johnson é o que eu chamo de profissional, ele é sincero e honesto, apoiado com muita experiência. Trabalhar com ele no estúdio foi um grande prazer da minha parte”, conta Freyr sobre a parceria.

Apaixonado por música acústica, tocada com talento e em instrumentos reais, Fryer gosta que seu trabalho tenha um impacto sobre o ouvinte de forma duradoura, não apenas como uma melodia cativante. Muito da melancolia e calma de suas canções vem da própria natureza que o cerca, por um lado a vasta floresta do norte da Suécia, por outro a beleza da Islândia. “A natureza tem sido um bloco de construção do meu caráter desde que eu era criança. É um alívio abandonar tudo o que surge na vida cotidiana, nas ruas e nos mercados. Pisar na natureza permite respirar fundo”, revela o músico.

Apesar de sua música soar parecida com a de alguns artistas que já conhecemos bem, como Bon Iver, Novo Amor e Sufjan Stevens, é notório que Freyr carrega suas próprias características e história. Ele conta que suas principais influências são os músicos que ele conheceu em sua vida cotidiana mesmo. “Um artista chamado Salio me ensinou a cantar de certa maneira, alguns rappers com quem eu vivi ensinaram-me a sentenciar e ir com calma, meu amigo mais antigo me ensinou a fazer rock, e meus pais e professores me ensinaram melodia”, revela.

Os últimos lançamentos são todos em inglês, mas se você procurar bem, pode encontrar espalhadas pela web algumas canções do Freyr cantando em sueco. O que é igualmente encantador. Ainda que não entendamos nada, é possível sentir a serenidade e entrega em suas composições. Sobre lançamentos oficiais em sua língua mãe, o músico diz: “na Alemanha eu me sinto muito confortável cantando em sueco, mesmo que as pessoas não entendam, mas não é apreciado em todos os lugares. Estou feliz que você goste e eu poderia muito bem fazer um single, pelo menos, na minha própria língua”.

Ouça e me diga se não estou certa:

Freyr, sem dúvidas, é um daqueles músicos que fazem a gente continuar acreditando no poder da arte, na essência dos talentos e na importância da música. Quando perguntei a forma como ele via as pessoas consumindo música hoje em dia, ele rebateu: “Eu já comecei quando usamos o Myspace, nada mudou, exceto na mentalidade das pessoas – elas acreditam que a experiência qualitativa com a música é facilmente acessível. Eu acredito que está mais difícil do que nunca mergulhar nas profundezas da música”.

Mergulhemos então.