Gallipoli – a soma de todos os “Beirutes”
por Lucas Teixeira
A primeira vez que ouvi Beirut foi na casa de um amigo há mais de 10 anos, e “The Flying Clup Cup” (2007), foi uma das melhores experiências musicais da minha vida. Todo aquele lirismo que Zach Condon exprime nos vocais e a atmosfera sonora da banda colocaram o Beirut no rol das bandas que não deixaria de ouvir.
Quando o som de uma banda nos atrai, logo queremos consumir todo o material existente. E ficamos ansiosíssimos esperando novos conteúdos. Se, por um lado, havia “Gulag Orkestar” (2006) e “Elephant Gun” (2007) – aquele EP em que a faixa-título foi a primeira experiência da banda para muitos brasileiros, graças à Capitu – que seguem o padrão sonoro que seria a marca da banda, aquele som que parece ter saído do confins europeus deu lugar a um quase pop de melodias leves e sintetizadores em “The Rip Tide” (2011) e “No No No” (2015). São bons álbuns, mas não era a mesma coisa.
Quando lançaram, no dia 22 do último Outubro, o áudio da faixa “Gallipoli”, a primeira coisa que me veio à mente foi: “Meu Beirut tá muito vivo!” Parecia o velho Beirut, que me chamou a atenção tantos anos atrás. Ao ouvir todo o material do álbum, entendi que, na verdade, não era o velho Beirut, mas um novo.
Condon e cia. conseguiram colocar, num mesmo trabalho, tudo que deu certo na trajetória da banda até agora. Todo aquele clima, que bebe das melhores fontes da música mediterrânea local, é absorvido em cada acorde nesse belo álbum. Você consegue perceber os primeiros trabalhos da banda logo nos primeiros segundos de “When I Die”, “Gallipoli” e “Varieties of Exile”. Os sintetizadores marcantes de “March of Zapotec/Holland Ep” (2009) reaparecem na animada “Landslide” em “We’re Never Lived Here”, e na derradeira “Fin”.
“Gallipoli” é a prova de que é possível uma banda amadurecer, experimentar novas fontes e manter uma identidade sonora, atraindo novos ouvintes sem perder os antigos.