10 novos vídeos folk para ver agora mesmo!

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Eu não sei vocês, mas eu tenho percebido um certo distanciamento das pessoas que consomem música e os clipes. Muito se fala sobre lançamentos de singles, playlist disso e daquilo, mas sinto mesmo um certo afastamento para com o audiovisual.

Como alguém que passou a adolescência na frente da TV, esperando os apresentadores da MTV mostrarem as novidades das minhas bandas favoritas através de vídeos, não poderia deixar passar desapercebido alguns dos clipe folk recentes que me chamaram a atenção e, certamente, vai chamar a sua também.

John Smith – “Hummingbird”

Depois de lançar um álbum extremamente cativante e delicado. John Smith nos presenteou com o clipe da faixa que dá nome ao trabalho. Filmado por Simon Whitehead, o vídeo mescla imagens do músico caminhando e tocando num pub e da dançarina Adelie Lavail, que com movimentos graciosos nos faz acompanhar as letras da canção com maior harmonia.

A faixa, apesar de ter nascido de forma rápida, segundo o próprio músico, tem bastante relevância para seu novo disco. “A música em si é realmente o catalisador para todo o álbum”, disse ele a Billboard. Seu plano para o disco era apresentar músicas folk tradicionais que faziam parte de sua composição criativa, mas ele queria se referir ao seu presente também. “Eu não queria dar a ele um título que pertencia a algo que alguém escreveu há 100 anos atrás. Então, quando me sentei para escrever, ‘Hummingbird’ saiu rapidamente, em cerca de uma hora. É a música rara que saiu e tive a sorte de capturar todas as peças. Assim que chegou, pensei: ‘Essa é a cola que vai manter tudo junto'”.

Bear’s Den – “Crow” e “Laurel Wreath”

O duo Bear’s Den lançará “So that you might hear me”, seu terceiro álbum de estúdio, na próxima sexta-feira (26). Alguns singles foram divulgados até então e dois deles ganharam clipes bem especiais. Como é o caso de “Crow” que conta com a participação de fãs e familiares dos músicos.

A faixa é uma das músicas mais pessoais do duo até hoje. Sobre ela, o cantor Andrew Davie diz: “A música foi escrita em memória do namorado da minha mãe que viveu conosco. Ele era um cara incrível e estava em algum lugar entre uma figura paterna e um melhor amigo para mim, mas infelizmente ele faleceu quando eu tinha 15 anos. Eu escrevi essa música como reconhecimento o quanto ele foi importante e como eu sou grato a ele por ajudar a criar minha irmã e eu”.

Para o vídeo a banda convidou pessoas de todo o mundo para ajudá-los a fazer um filme que celebra o significado da família. O material resultante foi filmado em Nashville, Londres, Bruxelas e São Paulo, e mostra as pessoas ouvindo a faixa pela primeira vez. É mesmo emocionante!

O outro clipe divulgado pelo duo e que também merece muito estar nesta lista é o de “Laurel Wreath”, que tem direção do brasileiro Jungle.

O vídeo foi gravado em Marzahn-hellensdorf, em Berlim, um bairro que abriga muitos imigrantes na Alemanha, mas também é um reduto da extrema-direita. As imagens são fortes e mostram atores locais de um centro habitacional da Berlim Oriental para refugiados. A ideia principal aqui é explorar a solidão, com o elenco vivendo sua vida com os olhos vendados, apenas podendo remover as vendas dentro dos limites de suas próprias casas.

Glen Hansard – “Fool’s Game ”

Antes de lançar seu novo disco “This Wild Willing” algumas semanas atrás (leia a resenha aqui), Glen Hansard liberou uns clipes bem “pessoais”, dígamos assim. Um deles é o da faixa “Fool’s Game”.

Falando sobre a música, ele disse: “ela se originou com uma frase que eu estava rolando na minha cabeça: “‘É um tolo, um jogo de tolos, um amante, que temos que interpretar’. Eu queria construir algo que se sentisse como The Shangri-Las ou o Velvet Underground em seu período ‘Pale Blue Eyes'”. A faixa acabou ganhado um vídeo que foi filmado pelo brilhante Myles O’Reilly em Paris, na França.

“Minha ideia era levar a câmera para uma noite em Paris, ficar com os amigos até a madrugada, beber, comer, conversar e cantar a música de vez em quando à noite. O tema principal para mim era ‘fraternidade’, amigos compartilhando o tempo. É quase uma continuação da noite em que filmamos ‘I’ll Be You, Be Me’. Talvez seja isso o que aconteceu depois das filmagens? Talvez a banda tenha bebido? Para onde eles foram? Quem eles conheceram? Todas as noites em Paris com esses caras era um pouco como isso, um passeio mágico pelos bastidores da cidade”, conta Glen. E o vídeo retrata exatamente isso.

Para divulgação do disco, Glen divulgou também outros dois belíssimos vídeos:
“Brother’s Keeper”, que para além de ilustrar uma canção doce e suave, certamente ele vai fazer você querer ir para a Irlanda no outono; e sussurrante e intenso “I’ll Be You, Be Me”, filmado em um antigo ringue de boxe, agora La Grande Salle na Escola Internacional de Teatro Jacques Lecoq, em Paris.

George Ezra – “Pretty Shining People”

Além de uma voz marcante e um happy-folk que virou sua marca, George Ezra é conhecido por seu humor e clipes sempre muito bem produzidos.

Finalizando as divulgações de seu segundo disco, Staying at Tamara’s, lançado em 2018, o inglês lançou um vídeo para a faixa “Pretty Shining People”. Nas imagens, ele critica a indústria musical, tirando sarro de tudo que envolve esse mercado. Desde o processo de divulgação musical à escolha de roupas que apresentarão a identidade do artista.

É um clipe divertido e irônico, mas também crítico e reflexivo. Um alerta pra quem não se importa com a música e, também, para quem se importa demais.

Hozier – “Almost (Sweet Music)”

Para divulgar seu novo single “Almost (Sweet Music)” e disco ” Wasteland, Baby!”, lançado em março, Hozier aproveitou sua passagem por Nova York e gravou um belo vídeo.

Dirigido por Kevin Slack, o material faz menções à trilhas de filmes cult dos anos 40, a Ella Fitzgerald, Chet Baker, Duke Ellington e algumas músicas de outros jazzistas. Com cartazes na mão, mostrando e soltando versos, fica quase impossível não referenciar o vídeo ao clipe “Subterranean Homesick Blues”, de Dylan.

Curioso é que, semanas depois, a ode ao Jazz de Hozier ganhou um segundo vídeo no qual o músico entra numa sala, pega sua guitarra e começa a tocar despretensiosamente. Intercalando com esta cena, há imagens de dançarinos e músicos, sempre naquele clima jazzístico. Escolha sua versão favorita.

Joy Williams – “Front Porch”

A cantora e compositora Joy Williams tem trabalhado lindamente na divulgação de seu novo disco “Front Porch”, que será lançado no dia 3 de maio. O mais recente lançamento dela foi o clipe para a faixa que dá nome ao projeto.

Sobre a canção, Joy disse “quando penso em um alpendre, penso em receber e ser bem-vinda, sem sapatos, sem pretensão, sem pressa, sem nada para provar. Eu queria escrever uma música universal que falava em retornar… ao que é real, o que é agora, o que é verdade, o que é amoroso, profundo … e onde quer que você chame de lar”.

Com produção de Kenneth Pattengale (The Milk Carton Kids) e projetado por Matt Ross-Spang, “Front Porch” faz alusão à casa americana de pré-meados do século, onde amigos, vizinhos e entes queridos podem interromper um passeio noturno para sentar, acompanhar notícias locais e conversar sobre a vida.

No vídeo, dirigido pelos irmãos Alexa e Stephen Kinigopoulos do Running Bear Films (Ruston Kelly, Colter Wall) juntamente com Kacey Musgraves, vemos uma Joy saudosa num alpendre vazio. As cenas são intercaladas com a paixão de um casal inter-racial cuja história também passa por encontros e desencontros, também, num alpendre.

Mumford and Sons – “Beloved”

Um dos clipes mais emocionantes que vi nos últimos tempos foi “Beloved”, do Mumford and Sons. A faixa, presente no disco “Delta”, lançado em novembro do ano passado, tem como tema a perda.

O próprio Marcus Mumford comenta que “todo mundo conhece a perda de uma maneira ou outra. Esta canção é sobre isso (…) Mas também há selvageria e beleza, e uma profunda homenagem, que se tornou o começo dessa canção que nós criamos”, comenta Marcus Mumford.

Seu vídeo retrata um menino observando a mãe que está morrendo e fantasia sobre melhores momentos com ela. O filho e a mãe, que ainda vestem um hospital, correm, roubam e montam cavalos em uma praia.

A direção é de Charlotte Regan, cujo curta-metragem Standby (2017), foi indicado para um BAFTA. As imagens foram feitas em Port Talbot, no País de Gales. E sobre o local, ela conta: “Para ser honesta, era em algum lugar que eu não tinha pensado até que a banda mencionou isso. Eu costumava visitar minha avó no norte de Redcar, onde ela morou por um tempo e lembrei de olhar para longas ruas e ver crianças jogando futebol ou curby com esses grandes prédios industriais ao fundo, e inicialmente, era lá que eu tinha em mente. Mas assim que começamos a olhar fotos de Port Talbot, sabíamos que era perfeito. Era um lugar bonito, com um incrível senso de comunidade, mas ainda mantinha aquele tipo de coragem que estávamos procurando”.

Novo Amor – “Sleepless” (Chapter I) / “Repeat Until Death” (Chapter II)

Algumas semanas atrás, Novo Amor lançou não um clipe, mas curta-metragem com os diretores-produtores Jorik Dozy e Sil van der Woerd (também conhecidos como Sil & Jorik). Eles foram os responsáveis pelo multi-premiado vídeo da faixa título do álbum de estreia do músico, o belíssimo “Birthplace” (leia a resenha aqui).

Em suas colabs, o trio já abordou a questão do plástico em nossos oceanos, a situação dos mineiros de enxofre na Indonésia e agora a mudança climática, em particular, o impacto devastador da poluição do ar nos seres humanos.

Para este projeto, Sil & Jorik foram para a Mongólia e passaram quase três semanas capturando cenários espetaculares de paisagens raramente vistas na grande mídia ocidental.

O trabalho é dividido em duas partes. O capítulo I tem como trilha sonora a música “Sleepless”, já o capítulo II é embalado por “Repeat Until Death”; e o curta conta a história de uma jovem mongol que luta contra os efeitos da poluição do ar e sua jornada de recuperação – da vida moderna na cidade a um estilo de vida no campo mais condizente com a natureza.

Caso não saiba, a capital da Mongólia é uma das cidades mais poluídas do mundo. Durante os meses de inverno, as temperaturas caem bem abaixo de -35C e os moradores dependem da queima de carvão para aquecimento. A consequência disso é um período intenso de poluição do ar que está causando estragos nos moradores da cidade.

Eis aí um projeto belo, intenso e conscientizador.

Beirut – “When I Die”

O Beirut lançou, em fevereiro, o disco “Gallipoli” (leia a resenha aqui). E alguns dias atrás, a faixa “When I Die” ganhou um clipe curioso com a direção de Brody Condon.

O visual simplista e intimista foi filmado na Futuro House 13, em Berlim, onde a confiança da banda entre si foi testada e reafirmada.

Sobre o clipe e a estética do álbum num geral, Brody disse: “depois da sessão psicossomática que inspirou a arte da capa de ‘Gallipoli’, eu fiz outra sessão com [o vocalista Zach Condon] para o vídeo de ‘When I Die’. Algo estava faltando. Mais tarde, eu aprendi que a música era vagamente sobre um culto suicida fictício, então eu facilitei um encontro de grupo com a banda antes de seu show em Berlim. Fiquei surpreso com a disposição deles de testar os limites um do outro e incorporar espontaneamente elementos da zona interna de Zach. Eles me disseram que esses processos íntimos não eram tão diferentes do que eles já faziam no palco”.

Meio maluco, né? Mas é interessante. Confere aí.