[Ao Vivo] Mumford and Sons – 25 de abril de 2019, Altice Arena

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Foi com duas canções do “Delta” que os Mumford and Sons abriram e fecharam o espetáculo que deram nessa quinta-feira, 25 de abril, na Altice Arena de Lisboa. Também pudera… É disso que se trata a #DeltaTour, não é mesmo?

A primeira foi “Guiding Light”. Single que anunciou o disco ali em meados de setembro do ano passado, deixando todos os fãs do grupo com aquela sensação de expectativa. Afinal, como seria o álbum que comemoraria os dez anos de carreira da banda? Seria rock? Seria folk? A canção misturava um pouco de tudo.

Como um take que seria gravado apenas uma vez diante dos meus olhos, Marcus Mumford sussurrou ao microfone o “One, two, three” que introduz a canção. Pronto. Foi o suficiente para a primeira lágrima escorrer dos meus olhos e eu perceber onde estava.

Eu estava em Lisboa, primeira cidade a receber os britânicos na turnê europeia do “Delta”. Diante de mim, uma plateia gigante, balcões lotados, um palco no centro, quatro telões suspensos para projeção. Há quem diga que seja uma das maiores produções em 360º até o momento.

Foto: Everything Is New

Em sua grande maioria, o show foi repleto de intensidade. Tinha de ser. Não são todos que projetam com tamanha paixão a emoção que têm por suas letras enquanto as interpreta. Mas o Marcus é assim. Grita, vibra, transpira sua música. “Beloved” foi uma prova disso. Fiz um ao vivo dela em nossa página no Facebook, é só clicar aqui para assistir.

Como também tinha de ser, ouvimos seus clássicos em violão “I Will Wait”, “The Cave”, “Awake My Soul”… Todas acompanhadas de um coro incrível. Palmas, pulos, sorrisos. A energia do lugar estava vibrante. Parecia um grande pub, com amigos celebrando uma grande festa.

E quando o excelente rapaz do banjo Winston Marshall teve sua chance, deixou soar fortemente todos os riffs de guitarra cabíveis. “The Wolf” e “Tompkins Square Park” foram excelentes. Intensas! Algumas das minhas prediletas na apresentação.

Em “Ditmas”, o clássico encontro de Marcus com o público. Ele desceu as escadas, pulou no meio do povo, cruzou a plateia e subiu no balcão. Alegria para quem tinha ficado lá trás, afastado do palco. Essa foi a chance de ficar pertinho do exímio artista e ainda cantar junto o refrão que diz “but this is all I ever was/And this is all you came across those years ago/ now you go too far/ don’t tell me that I’ve changed because that’s not the truth/ and now I’m losing you”. À saber, uma das minhas favoritas.

“Timshel” foi um dos momentos marcantes. Como se todos já não fossem! Aqui os quatro amigos se juntaram no centro do palco. Marcus Mumford, Ben Lovett, Ted Dwane e Winston Marshall voltaram as raízes. Quatro vozes, um violão. A iluminação central me remeteu a uma capela. Não me levem a mal, sou cristã e tenho todo o respeito do mundo ao Deus que acredito e aos deuses que cada um decide acreditar. Mas neste momento, a adoração era a música em si. Ali na minha frente, eles estavam cantando da forma mais pura e crua uma canção simples, mas que diz tanto. A última vez que essa música tinha me emocionado assim foi no “One Love Manchester”, em 2017, aquele concerto em homenagem as vítimas do atentado que aconteceu no show da Ariana Grande. Caso não lembrem, da pra ver aqui.

Foto: arquivo pessoal. Desculpem a qualidade, mas é o que um iPhone 6s consegue fazer. ;-p

Caminhando para o fim, a banda convidou os australianos da Gang Of Youths, banda que está abrindo todos os shows da #DeltaTour pela Europa, para subir ao palco e juntos tocarem um cover pesado de “Blood”, dos também australianos The Middle East. Uma surpresa boa e interessante.

A última foi “Delta”. Canção que dá nome ao disco e a tour. E que, no alfabeto grego, é uma letra que se assemelha a um triângulo, simbolizando os quatro elementos e fazendo referência a soma, totalidade, integralidade. E era isso que eles queriam entregar com o disco, não era? Aos dez anos de carreira, uma soma de tudo o que viveram, a totalidade de quem são, a integralidade dos quatro amigos que conquistaram o mundo e seu lugar no coração e ouvido de tantos e tantas.

Confesso que eu gostaria de ter aproveitado mais o show. De estar no meio da multidão ali na platéia pulando e vibrando com cada pancada na bateria. Mas, convenhamos, aos 31 anos, completamente sedentária, recém recuperada de um pé quebrado ao cair da escada… foi melhor ficar sentadinha no balcão. Entre as projeções na tela e um palco distante, ali no meio da galera… A história de uma banda, misturada com a minha história de amor pela música e pelo folk. Um belo filme diante dos meus olhos. Uma baita lembrança para o resto da minha vida.

Foto: Blitz/Rita Carmo