
O banjo que o tempo quase apagou: a história negra por trás da música Folk americana
por Maísa Cachos
A imagem do banjo é quase sempre associada ao country branco dos EUA. Mas e se te disséssemos que esse instrumento nasceu muito longe dos Apalaches — e que seu som é, na verdade, um eco da diáspora africana?
No vídeo Why this instrument explains Black American folk music, o pesquisador e multi-instrumentista Jake Blount nos leva numa viagem fascinante pela história do banjo e da música folk negra americana — uma história de apagamento, resistência e reinvenção.
Blount explica como o banjo foi trazido para as Américas por pessoas escravizadas da África Ocidental. Com o tempo, o instrumento foi adaptado e transformado, tornando-se um símbolo da identidade cultural de comunidades negras nos Estados Unidos. Mas à medida que a indústria fonográfica se estabeleceu, criou-se uma separação forçada: “race records” para artistas negros (voltados ao blues e jazz) e “hillbilly records” para artistas brancos (centrados no country e bluegrass). O resultado? Muitos músicos negros que tocavam banjo e ensinaram gerações de músicos brancos simplesmente não foram registrados na história oficial.
Usando gravações de campo, trechos de suas próprias canções e performances ao vivo com banjo e violino, Jake reconstrói essas pontes perdidas e mostra como ainda é possível cantar a memória dos que vieram antes. Sua abordagem mistura tradição e inovação, com uma sonoridade que olha para o passado sem deixar de criar o futuro.
Assista ao vídeo completo e mergulhe nessa história surpreendente:
Por que isso importa para quem ama folk?
Porque entender a verdadeira origem do gênero é também um ato de escuta e respeito. É reconhecer que a música do povo — seja ele qual for — carrega dentro de si vozes que o tempo tentou silenciar.