The Paper Kites traz uma mulher foda para cantar junto cada uma das faixas de “Roses”, seu novo disco
por Maísa Cachos
Se você está na mesma jornada que esse blog, sabe que gostamos muito de falar sobre o papel das mulheres no mundo da música. Por ser mulher, me empenho sempre para escrever mais sobre trabalhos femininos, conhecer a fundo as dificuldades que enfrentamos nessa indústria, valorizar as conquistas, dar espaço para divulgação…
Já fizemos alguns posts por aqui destacando algumas artistas nesta jornada e sempre que podemos investimos nosso tempo em resenhas sobre novas artistas. E o mês de março, por ter entre suas datas o Dia Internacional da Mulher, acaba por ganhar um certo destaque nesse apecto. Não à toa, foi o mês escolhido para que os australianos do The Paper Kites lançassem seu quinto trabalho em estúdio. Neste mês, há também a primavera no hemisfério norte, onde o sol volta a brilhar mais forte depois dos dias cinzas de inverno e tudo volta a florecer. Tudo favorece então para o nascimento de “Roses”, álbum que reúne dez faixas, todas com a participação de uma mulher incrível. Eu sequer tenho palavras para descrever a minha surpresa e alegria em ouvir o resultado desse compilado.
A banda já havia comentado em suas redes sociais que “este álbum é uma coleção de canções que escrevemos propositalmente para gravar com esses artistas – artistas pelas quais temos um grande amor e apreço. Muito cuidado e reflexão foram dedicados ao escrever e gravar, e estamos honrados por ter trabalhado com essas cantoras verdadeiramente excelentes e notáveis”.
Entre as participações estão algumas das minhas favoritas: a norte-americana Aoife O’Donovan, a australiana Julia Stone e a britânica Lucy Rose. Mas a lista se estende para nos apresentar outras cantoras maravilhosas que eu, ao menos, não conhecia. São nomes como a multi-instrumentista portuguesa Maro, a sueca Amanda Bergman (Amason) e a irlandesa Rosey Carney.
Apesar de colaborações tão diversas, de artistas com características por vezes muito diferentes, o álbum consegue encontrar uma coesão extremamente agradavél. É perceptível realmente todo o cuidado e respeito depositado nestas faixas. Se juntas, elas exercem este trabalho extremamente envolvente, cada uma, por si só, também carrega um universo, uma história, uma atmosfera. Sem contar que também representam uma porta aberta para o trabalho de cada cantora. Ao acabarmos de ouvir o disco, temos no mínimo mais dez na lista, se formos ouvir o trabalho de todas elas.
Confesso que ainda fico um bocado dividida em relação ao título do trabalho. Talvez relacionar cada uma das cantoras a uma rosa seja um pouco clichê demais, mas se ligarmos a rosa ao seu significado mitológico e toda a sua conexão com as deusas romanas, gregas, hindus… temos aí uma bela homenagem as deusas da música que estas artistas representam. Uma certa veneração ao seu trabalho. E, neste sentido, uma importante representação. Pela perspectiva da primavera, a época do renascimento das flores, temos um prisma um tanto quanto poético também. Consigo lidar bem com isso.
Vale dizer ainda que junto com o disco, The Paper Kites lançou um podcast intitulado “Between The Houses”. Nele, os artistas conversam com amigos, músicos, compositores e, começam claro, com as suas colaboradoras neste trabalho. Clique aqui para ouvir!