[Entrevista] Versos Polaris dando nome as coisas

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Avenida Paulista, por volta das onze da manhã. Enquanto o elevador sobe e, antes de chegar ao último andar, onde será feita a entrevista com a cantora e compositora paraense Versos Polaris, ele para em alguns andares antes. Imagino, distraído, como essa é a metáfora perfeita para a carreira da musicista que a pouco chegou em São Paulo. É uma subida certa, pois o andar foi ali designado, mas antes é preciso fazer escalas: juntar pessoas, subir um pouco, então juntar mais pessoas, subir mais um pouco. Até o topo, rumo à melhor vista pra avenida. Até o ápice. Cada palavra que Nathália Lobato, a pessoa física por trás do projeto, fala, é possível perceber a perseverança e a lucidez. Nessa entrevista, podemos enxergar várias das suas facetas, vontades e pensamentos. Claro, sempre com uma pitada de dicotomia.

FDW: Qual sua mais antiga lembrança com relação à música?

VP: Acho que, adolescência. Não! Na verdade, na minha infância eu achei um violão, todo verde. Meio estranho, na verdade, e era um violão antigo do meu pai, que ele tinha achado em algum lugar. Ele procurou o dono, não descobriu quem era e acabou arranhando alguma coisa, descobrindo alguma coisa sozinho, mas também não deu muita continuidade, ficou pelo meio do caminho, mas o violão ficou lá. Um belo dia eu o encontrei, achei aquilo curioso, me lembro que foi o primeiro contato com um instrumento. Mas não foi o primeiro instrumento que comecei a tocar mesmo, assim, me aprofundando.

FDW: E qual foi esse primeiro instrumento?

VP: Foi o contrabaixo, que quando eu comecei a prestar atenção em música, mesmo, eu comecei a perceber muito essa presença grave no som. Eu queria descobrir o que era aquilo, ai eu via que não era guitarra, mas também não sabia identificar o que era. Então quando frequentávamos a igreja, o pessoal tocando e cantando, eu comecei a perceber o som do baixo, e então fui lá falar com o músico, perguntar qual era aquele instrumento, e ele me disse que era o contrabaixo, então eu fiquei “caramba!”. Engraçado que nem todo mundo o percebe, mas quando ele não está você sente falta.

FDW: Sim, o baixo é uma coisa que você sente com o peito. A primeira vez que toquei uma música com banda, ao vivo, foi na bateria, e eu me lembro exatamente da sensação de tocar o prato e sentir aquela vibração tomando conta de mim, e eu querendo ficar eternamente naquele momento, mas tinha que voltar pra música, sabe? Tocar ao vivo é um pouco isso: se deslumbrar mas ter que voltar.

VP: Exatamente isso! Ao vivo é tudo na hora e você tem que controlar algumas coisas mesmo.

>>Veja também: Versos Polaris e seu sim à síntese

FDW: Quando você se deu conta que era a Música que ia te acompanhar pro  resto da vida?

VP: Nessa paixão ai com o contrabaixo, eu vi que, assim, eu não sabia ao certo se eu iria trabalhar com isso, mas soube que faria parte da minha vida de uma forma bem presente: eu queria aprender o contrabaixo, dominar o instrumento. Lembro que nessa época eu queria ser uma jazzista, comecei a ir atrás de referência de muitos baixistas por aí. Não virei jazzista porque exige uma disciplina, né, que eu não tinha (risos), mas o que eu pude me capacitar, fazendo curso livre ou sozinha, eu fui fazendo. Então, depois, eu fui vendo que tive a possibilidade de musicar meus poemas, e pensei “cara que legal! Eu tô fazendo música, eu acho” (risos), então comecei a arranhar algumas coisas e, de repente, eu tava cantando sozinha minhas músicas. Por que, assim, eu sempre achei que ia tocar com banda, que eu nunca ia estar sozinha, na frente de alguma coisa, e se eu tivesse cantando ia ser junto com algumas pessoas, pois é isso que eu gosto. Eu achava meio cafona cantar sozinha, na verdade, então eu achava que, se viesse um dia a dar certo, de desenvolver alguma coisa profissional dentro da música, seria com banda. E durante um tempo foi. E quando a banda começou a dar certo eu pensei que tinha futuro e comecei a acreditar. Eu tinha uma banda chamada Chuva e Cataventos e eu pensei, nesse momento, “vai dar certo” e “eu vou viver de música” e achei que seria com essa banda. E foi nesse momento que tive esse insight.

FDW: Muitas vezes eu penso que, quem toca solo no palco, é um símbolo de força, porque geralmente é alguém já teve banda e ficava lá atrás, no baixo ou na bateria e não conseguia ir lá, chegar em algum lugar, sabe? Então, muitas vezes essa pessoa escreve e pensa “mas o vocalista não tá cantando da maneira que eu imaginei”, e eu penso que chegar nesse ponto, compor, tocar e cantar é muito mais pela batalha do que por dar certo.

VP: É, isso mesmo. Na banda a gente tinha uma filosofia bastante democrática, então todas as pessoas da banda que tinham ideias e composições, compartilhavam. Lançamos apenas um EP e nele tem uma música de cada integrante, então foi a primeira vez que eu dei à cara a tapa pra cantar. Ainda estava me descobrindo, claro, então me lembro que essa música que gravei está 1 tom e meio abaixo do que eu canto hoje, normalmente. As vezes penso “nossa, eu cantava muito grave”, mas é questão de experimentação mesmo, só de eu ter me encontrado, cantado com a banda, foi um baita desafio. E nos shows nós revezávamos os instrumentos e tudo, e quando eu ia cantar, nas primeiras vezes, foi bem desafiante, porque sou muito tímida, então tinha que ir lá pra frente do palco. Mas também era uma realização fazer parte daquilo, daquela forma, não só como baixista. Foi bem legal.

FDW: E existe registro dessa época?

VP: Sim, se você jogar no Google Banda Chuva e Cataventos pode ser que apareça alguma coisa.

É claro que googlamos… Taí a banda Chuva e Cataventos

FDW: como o Folk  entrou na sua vida?

VP:  Foi uma coisa bem sem querer, porque eu sempre fui muito curiosa, sempre fui atrás de novidade, desde quando a internet era discada, e eu pude tê-la desde muito cedo, então eu sempre procurei sons novos, e ouvia uns blogs que tocavam umas coisas que ninguém conhecia. Então, até hoje, tem umas coisas gringas que eu escutava, em umas rádios de fora, que eram diferentes. Tanto que, umas coisas eu nem sabia o que era, pois não sabia distinguir o que o radialista falava pois o inglês era muito rápido, mas algumas eu conseguia. Então, assim, nos Estados Unidos essa cultura é muito forte, do songwriter, do voz e violão, e eu nem sabia que isso cairia no folk, sabe? Pra mim era só um voz e violão mesmo (risos).

FDW: Quando você descobre a palavra Cantautor você pensa “Sim! É isso! faz todo sentido”.

VP: Isso! Então levou muito tempo e, pulando muitos anos pro hoje, tem uma rádio que eu sigo no YouTube, que chama Indie Folk Central, e é a minha preferida do YouTube, e todo mês eles fazem uma playlist de artistas desses, que ninguém sabe quem é, e isso é sempre uma influência, você descobre umas coisas novas. E tem aquela coisa de escola, de levar o violão. E depois de muito tempo você descobre que isso se chama folk (risos), e essa mistura da gaita, essa minha aproximação com o Rock, e tanto que pra mim foi muito louco, porque fui ouvir o Bob Dylan depois de muito tempo. Foi tudo inverso, assim, depois que eu descobri o que era folk que eu fui atrás dos caras do folk. Foi meio doido.

FDW: É engraçado como a gente esbarra nas coisas, né? E essa coisa da composição, também. Mas me diga, pergunta polêmica (risos) Belchior é Folk Brasileiro? O que você acha?

VP: Olha, eu acho que é, porque é uma tradição nossa. Cada folk de cada país tem o seu estilo. Quando se pensa nisso de um voz e violão tem o Zé Ramalho, o Raul Seixas, que tem umas coisas dessas, como “cowboy fora da lei”.

FDW: Sim, e o Folk tem muito essa visão gringa da coisa, porque, se você pegar o Simon & Garfunkel, eles tem muito de dupla sertaneja caipira, como o negócio da dupla, das vozes.

VP: O nosso sertanejo raiz, na verdade, é como se fosse o Folk americano (risos).

Foto: Paula Chaves

FDW: E você se sente incomodada se alguém te classifica como nova MPB?

VP: Não, eu acho até bem legal, eu não consigo ver o que as pessoas vêem de ofensivo, sabe? Assim, na verdade é bem ruim tu controlar o teu trabalho. Se você ouvir o meu álbum, tu vai perceber que tem mistura de muita coisa, e então eu fico pensando “como eu vou dizer o que eu sou?” porque a primeira faixa, ok, é um folk, mas a segunda tem um samba, então é complicado. Por vezes eu falo algum termo pra facilitar o entendimento da pessoa, mas às vezes pode ser que confunda mais ainda.

FDW: Você estudou música academicamente e, geralmente, a academia é um espaço muito cerebral. Você conseguiu extrair sentimento de lá?

VP: Na verdade a academia meio que faz isso, mas a realidade da Federal de Belém que eu fiz, em licenciatura, é focado em ensinar música no ensino básico, então ela não vai te capacitar tecnicamente em nenhum instrumento. Eles te mostram um ensino básico de violão e isso só vai se ampliar se você for, dentro da faculdade, procurando mais coisas, entende? Mas a questão como algumas disciplinas como história da arte, fazendo as aulas de composição, de prática de conjunto, e a experiência nas escolas, você acaba absorvendo uma série de coisas juntas, então a experiência acadêmica abriu minha mente, pois eu a tinha muito fechada, eu só ouvia o que tinha essa pegada voz e violão, ou rock, e quando entrei na universidade eu abri a mente e ouvir de tudo. Mesmo o funk, por exemplo, eu continuo não apreciando mas entendo como fenômeno social e musical e seria capaz de colocar alguns elementos nas minhas músicas, coisa que antes seria impossível. Eu acho que sou muito mais musicista e muito mais humana a partir do momento que entrei lá.

FDW: Você iniciou sua carreira no Pará e se mudou pra São Paulo. No que a mudança te mudou?

VP: Olha, mudou muita coisa. Não sei se é porque estava em Belém que, meio que todos da cidade se conhecem, então, por mais que eu não seja amiga de todo mundo, eu sei da existência das pessoas, da existência da cena, de todos os artistas que existem na cidade. E vir pra são Paulo sem saber quem é ninguém, e construir algo do zero, é complicado. Quando foi 2018, que eu vim, eu já tinha o sonho de vir pra cá, e pensei “cara vou concretizar esse sonho”. Eu tentei tocar em todos os lugares que aceitassem um som autoral, que tinham essa abertura e tal, fiz contato com muitos artistas. O que acontece, lá em Belém, eu e minha amiga, a Lívia Mendes, tivemos a ideia de fazer a The Folking Night, que é uma espécie de clube do folk daqui de São Paulo. Então a gente pensou: “vamos deixar alguma coisa para cidade, já que estamos indo embora”. A gente queria dar oportunidades pras pessoas que tocavam voz e violão. E eu quis que as pessoas que passavam pelo mesmo que eu, de estar começando e não tinham tanta estrutura, tivessem a oportunidade. Deixamos uma coisa boa lá em Belém, e quando viemos pra cá, ficou claro de que não tínhamos essa mesma galera de lá. Pensamos: “Quem vai dar ouvido para o nosso som lá?”. Tínhamos o contato do Henrique Krispim, idealizador do Clube do Folk, e ele abriu as portas pra gente em 2018 e continuou com as portas abertas quando nos mudamos pra São Paulo. Começamos a trabalhar com ele, eu como editora de conteúdo e a Lívia como Administradora de Redes Sociais. Então, como iniciamos do zero aqui, essa parceria com ele foi essencial e está sendo ótima. Com isso acabamos fazendo vários contatos. Nossa casa (moro junto da Lívia) vive cheia de músicos, em que começamos comendo alguma coisa e acabamos tocando violão (risos). Isso não acontecia em Belém, porque como ela é metrópole, mas ainda assim é um pouco pequena, acaba que algumas coisas ficam muito provincianas e tal. Enfim, eu acho que a questão toda é a disposição, você precisa ter isso pra achar as pessoas que estão afim, e quando você consegue essas pessoas, isso é o princípio para construir alguma coisa.

FDW: O Antônio Abujamra dizia que o fracasso e o sucesso são consequências do mesmo impulso: o tentar. Você já sentiu medo de tentar alguma coisa?

VP: Já senti, sim. Já tive medo de vir morar em São Paulo, medo de viver só de arte, de não conseguir fazer, e é tudo muito arriscado. Tive medo mas não deixei de fazer as coisas.

FDW: Mas tem isso, que é o medo de não viver de arte, também, né?

VP: Sim, e eu acho que esse é o maior medo, de não ter tentado fazer acontecer. É aquela velha história, não deu certo, ok? Mas pelo menos eu tentei e vou poder dizer isso.

Foto: Paula Chaves

FDW: Você tem alguma obsessão como artista?

VP: Tenho. Não sei se eu vou conseguir, mas tenho. Tenho vontade (e obsessão, claro) de gravar um álbum sozinha, todos os instrumentos tocados por mim. Fazer desde a parte de produção, até a captação e pós produção, tudo. Porque eu sempre gostei dessa coisa de produção, mas eu ainda não tenho capacidade técnica pra isso, então tô buscando me capacitar. Aos poucos eu tô construindo esse conhecimento. E o que me deixa mais intrigada é que eu não vejo tanta mulher na produção. E eu fico pensando que é uma coisa muito interessante, e por que será que não tem tanta mulher? E tem vários questionamentos de como será que essa informação chega pra gente, quando abre curso a maioria das vezes são homens que vão lá participar. Mas ainda é uma incógnita saber o porquê disso? Várias vezes já fiz alguns cursos e só tinha uma mulher na turma, e por mais que não seja algo intencional, sempre tem um machismo por trás, sabe? Do tipo “será que ela faz?” “será que ela consegue” e tudo. Então eu percebia, às vezes, que havia uma atenção dobrada pra me explicarem as coisas, e eu estava de boa, igual todo mundo (risos). Mas eu vejo, assim, na prática, como ainda tem esse negócio. Então eu até falei pra Lívia, se ela não queria co-produzir meu disco, porque ela já estava ali como amiga, palpitando em tudo, mas eu queria que ela tivesse mais perto ainda do trabalho, sabe? E pra ela ter a oportunidade de assinar como produtora também, representando bastante na carreira dela. Ela aceitou e começou a estudar, a pesquisar muitas coisas, e ela fez o mesmo com o disco dela, ela chamou uma produtora que é a primeira vez que tá produzindo, lá em Belém, que é a Camila Barbalho, uma mega artista. Então, assim, eu tenho isso, como mulher, eu quero ter essa realização de produzir e gravar tudo sozinha. Mas também é uma realização de um álbum, sabe? Eu ainda quero trocar figurinhas com outros músicos, seja nesse ou em outros trabalhos meus.

FDW: No seu processo de criação, a mensagem é tão importante quanto à estética da canção? Você se preocupa mais com uma coisa ou outra?

VP: Eu me preocupo muito com as duas coisas, mas acaba que no final das contas, a mensagem é a mais forte, porque eu quero passar uma coisa positiva para as pessoas. Por isso Dicotomia foi tão dicotômico (risos), porque foram momentos de bad e de alegria, mas que foram mostrando minha humanidade, e eu queria que as pessoas continuassem sonhando, e essa é minha mensagem no meu trabalho. Tanto que, no meu antigo casamento, aconteceram algumas ocasiões em que eu não era incentivada a seguir com a minha carreira ou buscar meus sonhos, e eu trago isso de querer passar uma mensagem que diga “independente de qualquer porcaria, você vai sonhar! Não desista disso!” Então acaba que a mensagem, por ter esse teor de fazer a pessoa acreditar no que ela pode ser, fica mais importante. Mas eu me importo muito também em como esse ornamento vai se encaixar junto com a mensagem, como ele vai chegar nas pessoas, e eu gosto de variar a pegada rítmica, o estilo musical e tudo.

FDW: O Manuel de Barros, poeta, disse uma vez que “pra cantar é preciso perder o interesse em informar”. Comente essa frase.

VP: Eu entendo esse ponto de vista, concordo em certa forma, mas não existe limite, né? Quando se trata de arte não existe limite pra isso. Então eu posso querer informar em algum momento, e em outro não. Se você ver, na época do Dadaísmo, as pessoas achavam que aquelas obras não tinham sentido algum, mas na verdade tinham. Assim, talvez eu não preciso estar explicando faixa a faixa o disco, as pessoas podem entender do jeito que elas quiserem.

FDW: Tem uma coisa que eu acho muito boa no seu primeiro disco, que é a despretensão com que as faixas são nomeadas. Como foi o processo de juntar essas canções e qual o motivo dessa forma de nomeá-las?

VP: Foi bem despretensioso mesmo, mas depois começou a fazer algum sentido (risos). Assim, como eu te falei, eu gosto de ser chamada de Versos Polaris, e em nenhum momento eu queria que tivesse meu nome ali. E tem outro grande problema, que eu sou muito esquecida com nomes de música, então eu dava um nome pra música e depois esquecia. Então quando eu queria falar pra alguém sobre a música, eu dizia “aquela do pão tostado” ou “aquela do aeroporto”. Acabou que eu pensei em colocar tudo assim e achei que ficou bem massa. E eu nunca tinha me atentado uma coisa: eu sou muito fã de Friends e os episódios da série levam o título dessa maneira. Talvez isso tenha ficado no meu subconsciente, porque eu já não assistia faz tempo, até que um amigo meu me disse “você é fã de Friends? por que os episódios e tal…” (risos)

Foto: Paula Chaves

FDW: Tudo o que é raso não dura, claro. Você acha que vivemos tempos difíceis pras coisas duradouras?

VP: Eu acho que não. Eu acho que são tempos difíceis, sim, mas não para as coisas duradouras. Eu acho que o que estamos construindo agora vai durar pra sempre, porque, quando é feito num momento de dificuldade, tem tudo para se tornar uma coisa perene.

FDW: Como você lida com a dicotomia? Só o conflito é criador?

VP: Não, eu acho que não é só o conflito. Mas ele acaba sendo, infelizmente, pois acaba te dando um fluxo de pensamento muito alto e te faz escrever, mais do que compor. E quando você tá desconfortável com alguma coisa você desabafa no papel, às vezes muito mais do que quando você está feliz.

FDW: Além do amor, o que mais não pode faltar?

VP: Eu volto pro amor, porque eu acho que ele rege todas as coisas. Eu vejo muito amor como respeito, sabe? Não aquele amor romantizado, mas também ele. É uma face dele. Mas quando você respeita o próximo é uma espécie de amor. Até na questão de construir, o que não pode faltar é o amor.

FDW: Você já sentiu que tocou alguém com seu trabalho?

VP: Já senti sim e fico muito feliz quando isso acontece, e eu fico querendo compartilhar com todo mundo isso (risos). A Lívia, que mora comigo, é a pessoa com quem eu mais compartilho, porque ela está ali do lado, então eu falo “amiga, alguém fez esse comentário sobre minha música”, e eu fico bem feliz com isso. Então quando eu vejo alguém se identificando eu penso que realmente eu tô chegando lá, não está sendo só a música pela música, sabe?

FDW: Em janeiro você fez o lançamento do Dicotomia na sua terra natal. Como foi essa experiência e qual a importância do primeiro lançamento ser lá?

VP: O álbum saiu em novembro do ano passado e eu fiquei segurando esse show justamente porque eu queria fazê-lo lá, pra ser especial. Eu toco geralmente monoband e eu queria fazer alguma coisa maior e lá em Belém era onde eu tinha mias laços nesse sentido: é lá que tá minha família, e a saudade toda depois de seis meses longe. Então achei que ia ser importante realizar isso lá. E foi a primeira vez que toquei como Versos Polaris com banda, e isso foi um desafio. E é muito diferente, pois quando eu tinha banda eu ficava mais no baixo e tinha uma coisa de acordo, que todo mundo tinha que entrar, porque era banda e tal, e agora não, eu vou reger essa turma toda, e é muito diferente isso. Eu toquei com todo mundo que gravou comigo, com exceção do baixista, porque eu que toquei baixo, então tive que chamar alguém pra fazer o show e foi maravilhoso.  

FDW: O que tem escutado atualmente? Indique o que quiser, desde que seja bom pra você.

VP: Chico Buarque é uma coisa que vai e volta na minha playlist é um gênio. Gosto de coisas atuais, como Phill Veras, Rubel, Stefano e essa nova MPB. Ouço o Of monsters and men também e o Bob Dylan, que também vai e volta na minha playlist.