Amanda Cadore e suas canções que enchem o inverno de cor

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É quase inverno aqui no hemisfério norte. Escrevo em maioria para o Brasil, mas moro em Portugal e aqui tá frio pra caramba. Dias cinzas e chuvosos que não me agradam tanto quanto um dia de céu aberto com um quentinho do sol abraçando meu corpo. Para esses dias, a saída é: ligar o aquecedor, passar um café e ouvir música!

O play foi estratégico hoje: “Inverno Só Se For Azul”, primeiro disco autoral da Amanda Cadore. Artista que conquistou meus ouvidos desde o primeiro play, lá em 2017 (tem post aqui). Desde então, venho acompanhando o trabalho da menina Amanda e me surpreendendo com a beleza de cada novo lançamento.

Este chegou aos Streamings em outubro deste ano, e conta com oito faixas de letras poéticas e que falam muito sobre a própria artista, suas vivências e sua sensível visão do mundo.

Começamos a audição com um prefácio, uma espécie de mantra que nos (re)conecta a natureza, nos remete ao nosso próprio interior e, de certo modo, invoca uma coragem adormecida. É uma espécie de “quebra gelo” para as verdades que ouviremos a seguir em “Terra” e suas sucessoras.

Bastou chegar a terceira faixa, intitulada “Devaneio”, para o friozinho começar a derreter e o coração ficar mais aquecido. Foi só ouvir “e quando você vem ao meu encontro, inverno cinza vira azul no mesmo instante” e sua deliciosa melodia para um sorrisinho começar a se abrir no meu rosto e o pézinho começar a bater embaixo da mesa.

Não fosse o suficiente, as três faixas seguintes parecem se unir para nos aquecer ainda mais a alma. Primeiro, Amanda se une a Jéf – que ano passado ensolarou todo mundo com seu álbum “Solar” (tem resenha aqui) – na maravilhosa “Canção do Tempo”. Depois, vem a quentinha passarinho que conta com versos bonitos da poetisa carioca Alice Souto. E, por fim, “Abuelita Pedra” com a participação de Marissol Mwaba, grande compositora do cenário musical de Santa Catarina, que Amanda conheceu em 2018 durante sua participação no programa The Voice Brasil.

Na reta final, topamos com as palavras de cura de “Rémedio” e a celebração em “Abraço e Carnaval”. Faixas certeiras para concluir esse trabalho.

Curioso que ontem à noite eu li num livro que “A música não entra, ela já está lá. A música simplesmente descobre o que está lá, faz você sentir emoções que não necessariamente sabia que tinha dentro de você, e percorre acordando todas elas”*

Esse é álbum me confirmou isso: num dia preguiçoso, cinzento e frio, a música revigora, dá cor e revive mesmo os sentimentos mais adormecidos.

Além do belíssimo disco, Amanda lançou recentemente uma sequência de lyric vídeos em seu canal no YouTube. Vale a pena conferir cada um deles, mas deixarei o meu favorito aqui:


*Trecho do livro “How to stop time (Como parar o tempo)”, de Matt Haig.