Faltou, mas não falta mais! 26 discos/EPs do folk nacional que não comentamos aqui em 2019
por Maísa Cachos
Folks, por mais que tentemos mostrar para vocês tudo o que tem acontecido na cena folk dentro e fora do Brasil, é inevitável que alguns trabalhos acabem passando batido por nós.
Mas, como janeiro é aquele mês em que todos nós terminamos o balanço do ano anterior e planejamos o ano que está começando, fiz isso por aqui também e acabei listando 26 discos e EPs que não receberam o merecido destaque aqui no blog.
Se faltou, agora não falta mais! Aproveitem a lista para descobrir um monte de coisa boa:
“Centeio” – Passos
Lá em janeiro, o Ricardo Passos, um dos integrantes da banda folk Lenhadores da Antártida, assumiu a alcunha de Passos e estreou seu projeto solo em janeiro com um EP. O trabalho reúne 5 faixas com letras introspectivas e melodias flutuantes. Comentamos sobre o clipe de uma delas, “Éster”, nessa lista aqui.
“Urania” – Daniel Arena
Também em janeiro, o músico Daniel Arena lançou “Urania”, um álbum que reúne 15 faixas autorais que contam memórias do músico. Algumas em letra e melodia, outras em melodias apenas. Apesar de mergulhar aqui numa pegada mais folk rock, é possivel sentir nas melodias um pouco de suas experiências com o punk rock mescladas a afinações alternativas de suas cordas.
“Dois é Par” – Dois é Par
Saltando para junho, pousamos no autointitulado álbum do duo Dois é Par, formado por Lari e Jefté. Com influências de MPB, folk e indie, ao longo de 9 faixas, eles cantam letras sobre amor, reflexões, vida e esperança.
“Fahrenheit” – Douglas Mam
Estreitando sua relação com a música e a literatura, o compositor, cantor e poeta Douglas Mam, lançou, em julho, o primeiro disco de sua carreira. Intitulado “Fahrenheit”, o trabalho teve seu conceito inspirado nas páginas do livro Fahrenheit 451 (que dá nome a primeira faixa do álbum), e apresenta oito das canções que o artista compôs ao longo de seus mais de 15 anos como músico. Com produção musical de Juliano Gauche, o disco passeia por diferentes estilos sonoros calcados na urbanidade, como o folk rock, o punk e a psicodelia, entre outros.
“Rosa dos Ventos” – Banda de Pífanos Caju Pinga Fogo
Fugindo dos padrões folk apresentado na lista até agora, que circula bastante pelo folk americano, temos os piauienses da Banda de Pífanos Caju Pinga Fogo que, também em julho, lançaram o seu primeiro álbum. Intitulado “Rosa dos Ventos”, o trabalho enaltece a cultura nordestina através da arte do pífano. Mas suas 14 faixas autorais não se restringem apenas as sonoridades das tradicionais bandas de pífanos, elas abraçam e apresentam com a vivacidade de uma banda jovem todos os ricos estilos da cultura nordestina.
“Primeiro Oceano” – Alexandre Marzullo
Ainda em julho (e também fugindo dos padrões), tivemos o lançamento do EP “Primeiro Oceano” que marcou a estreia do violonista e compositor carioca Alexandre Marzullo. Quase completamente instrumental, o registro marca uma jornada de descoberta artística, trilhando um caminho que vai do folk ao experimental, rejeitando referências óbvias e buscando inspiração no jazz e música ambiente japoneses.
“O Estrangeiro” – Vítor Guima
Outro estreante de julho, foi o Vítor Guima, com “O Estrangeiro”. O álbum é composto por nove canções autorais que flertam com o folk, rock e samba. Suas melodias e letras contam com uma atmosfera existencialista e buscam refletir sobre a vida moderna. Entre os temas do trabalho encontramos a solidão, a fugacidade e efemeridade das relações contemporâneas e a busca de sentidos que orientem nossa existência. Guima, que tem na poesia e no folk os fios condutores de seu trabalho, nos apresenta aqui muito das suas influências vindas de escritores como Albert Camus, Fernando Pessoa e Charles Baudelaire, bem como a de compositores como Bob Dylan, Belchior, Joni Mitchell, Patti Smith e Lô Borges. Vale dizer que “O Estrangeiro” foi eleito pelo Estadão como um dos melhores discos do ano.
“O Começo” – Franke
Fechando o mês de julho, temos a estreia de Franke. E nada melhor que um EP intitulado “O Começo”, para iniciar uma jornada musical. Neste EP, ele apresenta quatro faixas autorais sobre amor, saudade e dor, explorando uma sonoridade instrospectiva e com elementos indie, nada comum na região onde mora, Campo Grande/MS.
“Plantar e Cuidar” e “Cuidar e Colher” – Bruno Addax
Em julho, “Plantar e Cuidar”. Em agosto, “Cuidar e Colher”. Foram estes os dois trabalhos que Bruno Addax compartilhou com o mundo em 2019. São dois EPs curtos: três faixas em cada, e complementares: como os prórios títulos enfatizam – primeiro a gente planta, depois cuida e então colhe. Mistura gostosa de pop, folk, boas histórias e esperança. Não conhecia, me encantei!
“Oficina” – Isa Scheufler
Isa Scheufler é uma cantora e compositora independente gaúcha que, em agosto, lançou o seu primeiro trabalho, “Oficina”. O álbum é uma mistura de indie rock com folk e elementos da MPB e marca seu reencontro com suas próprias composições como uma forma de lidar com inquietações. Depois de morar no Rio de Janeiro, ela atualmente reside em NY. E foi no seu quarto, no Brooklyn, que gravou as dez faixas que compõem este trabalho. Voz e ukulele foram as principais ferramentas, mas eles também se unem a percussão, teclados e sopros sutis.
“Brenoski Libertae” – Brenoski Libertae
Ainda em agosto, o gaitista baiano Brenoski Libertae lançou um álbum instrumental autointitulado que reúne 12 faixas. Apesar de apresentar sonoridades ecléticas, seu clima fica ali pelo western, gypsy jazz, folk e até rock’a’billy. Fun fact: ele lançou uma “versão física” do trabalho que está disponícel numa garrafa de cerveja artesanal. Ficou curioso(a): saiu uma matéria sobre isso no G1, clica aqui pra ver.
“Festa na Taberna” – Bardow e Os Folks
Em setembro, foi a vez do Bardow e Os Folks lançarem seu EP de estreia. Intitulado “Festa na Taberna”, o trabalho reúne seis faixas que resgatam sonoridades e instrumentos que eram populares na colonização do Brasil. Misturando Folk e Rock, o grupo contemporiza a antiga cultura dos bardos e põe todo mundo pra dançar e brindar com melodias festivas que embalam seus contos/canções.
“Procurei Saber” – Folksons
Em junho, o quarteto Folksons lançou o EP “Jeito Que Eu Sou”, com quatro faixas autorais e a promessa de que mais sons viriam em breve. A promessa foi cumprida meses depois, ao disponibilizarem, em outubro, “Procurei Saber”, outro EP com quatro faixas autorais que continuam mostrando a evolução musical dos rapazes que começaram com covers e hoje produzem suas próprias canções.
“Fabiola Beni Nº 2” – Fabiola Beni
Em abril, a cantora e compositora Fabiola Beni nos presenteou com um bonito EP autointitulado. Não satisfeita, em outubro, ela liberou mais um trabalho, o “Fabiola Beni No. 2”, com mais três faixas autorais que continuam mostrando a relação da artista com a terra, a roça, a natureza e a sua viola caipira.
“Boho” – Tiago Sarmento
Também em outubro, Tiago Sarmento celebrou seus 20 anos de carreira, lançando “Boho”, seu quinto álbum autoral. Ao longo de suas 10 faixas autorais, ele traz experimentações, explorando novos acordes e ultrapassando seus próprios limites musicais. A essência do trabalho tem fonte no Bohemianismo, na liberdade, no excêntrico e, claro, no vinho (marca de todos os trabalho do artista). Sarmento tem lançado ainda algumas das faixas em seu canal no YouTube. Vale conferir aqui!
“L.O.S.T” – Heitor Vallim
Para fechar os lançamentos de outubro, precisamos falar do baita “L.O.S.T”, do Heitor Vallim. Com três faixas, a sonoridade do músico recebe influências da música pop e eletrônica, mas sem perder a essência psicodélica indie-folk, que marcam os traços da sua identidade musical.
“Meus Nós” – Victor Mus
Abrindo o mês de novembro, tivemos o menino Victor Mus, lançando o seu caldeirão sonoro “Meus Nós”. O EP, resultado de sua vitória na Mostra Novos Talentos da Música, da FIRJAN/SESI, traz inspirações que vão do folk ao afrobeat e do funk ao bumba-meu-boi. Com uma visão sempre plural do cancioneiro nacional, ao longo de suas quatro faixas Mus passeia por todos esses ritmos regionais, sem se prender a nenhum rótulo.
“Éden” – ALVORE
Também em novembro, foi a vez de Eric Feiteiro, o ALVORE, lançar seu “Éden”. O disco segue a essência folk do artista, mas traz mais pra perto referências da música contemporânea, com elementos eletrônicos e uma sonoridade mais densa e atmosférica. As 12 faixas presentes no disco, abordam temas bem atuais e refletem de maneira poética sobre a influência do entorno sobre o indivíduo e a sociedade. Vale enfatizar que o artista tem a ousadia de se aventurar em faixas mais longas aqui, diferente do que muitos artistas tem feito hoje em dia. É um disco bonito, valioso até, e que merece ser apreciado com calma e atenção.
“Daqui Até Nós” – Serginho Freitas
Outro lançamento bonito de novembro é o “Daqui Até Nós”, primeiro disco solo de Serginho Freitas que mescla influências que vão do folk e MPB à eletrônica e indie. O trabalho convida a uma jornada musical e de autoconhecimento. Suas oito faixas, nos fazem refletir sobre o ritmo acelerado da vida moderna e a necessidade de parar para ouvir os nossos próprios sentimentos.
“Por Onde Eu Vim” – Corcel Mágico
Cinco faixas compõem “Por Onde Eu Vim”, EP da banda carioca Corcel Mágico, lançado também em novembro, com o intuito de levar uma mensagem de esperança, companheirismo e coragem. Abordando temas mais densos, a essência do trabalho é refletir o momento atual da banda, mostrando o caminho que trilharam e o que alcançaram até então, enquanto geram identificação com os ouvintes, passando a mensagem de que dias melhores hão de vir.
“Neto & Felipe Em Casa (Ao Vivo)” – Neto & Felipe
Gravado em Jales/SP, cidade natal da dupla, “Neto & Felipe Em Casa (Ao Vivo)”, lançado em novembro, apresenta 13 faixas gravadas pelo duo Neto & Felipe e que permeiam ali entre a música caipira brasileira e o folk americano. Algumas canções já são conhecidas por quem acompanha o trabalho deles, como é o caso de “Pedra e Papelão” e “Amanhã”, lançadas como single; além de “Pedaços de Canções” e “Eu Sei”, que estão presentes no EP “Demerara”. Entre as faixas, também aparecem “Vide, Vida Marvada”, de Rolando Boldrin, e “Tempos Modernos”, de Lulu Santos, mostrando de onde vem as influências dos artistas. O trabalho conta ainda com convidados especiais, como Laura Moraes, irmã de Neto Ferreira, que canta “Enquanto Seus Passos” com a dupla, e “Lembranças”, canção de sua autoria. E Thiago Julian em “A Estrada”.
“Cantando a Solidão” – Pinhel
Novembro encerra ao som de “Cantando a Solidão”, segundo EP autoral da banda Pinhel. Ao longo de cinco faixas e um poema de abertura, o grupo traz a tona toda a melancolia das composições em um misto de arranjos e com muita história de desamores para contar.
“Ensaio Acústico” – OutroEu
Chegamos ao último mês do ano, falando sobre o “Ensaio Acústico”, do duo OutroEu, formado por Mike Tulio e Guto Oliveira. O trabalho, gravado no Santo Som Studios em Campinas/SP, apresenta um formato intimista, com dois violões e vozes. O repertório é composto pelas cinco faixas de seu EP de estreia, “Encaixe”, além de uma regravação inédita do hit Velha Infância, música dos Tribalistas.
“Festa do Universo” – Israel Subirá
Também em dezembro, foi a vez do cantor e compositor Israel Subirá estrear com o seu EP “Festa do Universo”. Composto por quatro faixas, o trabalho traz o já conhecido single “Abram os Portões”, bem como “Deus Meu” que conta com a participação especial de Marcos Almeida.
“A New Place to Start” – Lauro Mendonça
Misturando elementos contemporâneos do indie folk à música dos anos 70, o músico Lauro Mendonça lançou o seu primeiro EP, completamente autoral, em dezembro. Intitulado “A New Place to Start”, o trabalho conta com quatro faixas, dentre elas “When You Find Her”, primeiro single a ser lançado e que também ganhou um clipe, a fazendo figurar nesse nosso post.
“Guard Rail” – Santa Jam Vó Alberta
Encerrando dezembro (e este post!). Quem também apresentou seu primeiro EP em dezembro foi a banda paulistana Santa Jam Vó Alberta. Intitulado “Guard Rail” e gravado entre Nashville e São Paulo, o trabalho de cinco faixas faz uma fusão cultural entre folk, música do sertão, blues, country e jazz tradicional. Guard Rail também marca um ciclo com as canções feitas em apresentações pelos EUA durante o ano de 2018, quando a banda viajou pela costa oeste americana, participando de eventos e festivais.