Existe uma nova geração de mulheres se levantando no folk. Já falamos aqui sobre isso, citando nomes como Brandi Carlile, Sarah Jarosz, Sara Watkins, Joy Williams, Lucy Rose e tantas outras. No Brasil não é diferente. A Lívia Mendes é uma prova disso.
Além de ser super ativa na cena independente do Pará (onde nasceu) e de São Paulo (onde reside) – seja organizando, apoiando ou participando de eventos e festivais que promovem e circulam o trabalho de novos nomes femininos – a artista ainda se desdobra para compor e produzir seus próprios projetos musicais.
Primeiro, um EP homônimo com cinco faixas autorais, lançado em 2016, gravado e mixado no StudioZ, em Belém, sob supervisão de Thiago Albuquerque e produção musical de Fabricinho Bastos, ambos profissionais da cena musical paraense.
Em abril desse ano, o primeiro álbum completo. Intitulado “Passarinhar”, o trabalho foi também gravado, mixado e masterizado no StudioZ, mas desta vez com a produção musical da também cantora e multinstrumentista Camila Barbalho, que produziu e gravou o contrabaixo das canções.
Uma vez eu li uma frase da Joan Baez que dizia: “em vez de nos esforçarmos e tentarmos competir, as mulheres devem tentar dar suas melhores qualidades aos homens – traga suavidade, ensine a chorar”. Me lembrei muito disso enquanto ouvia as canções da Lívia no “Passarinhar”. Ao longo de suas dez faixas, podemos ouvi-la cantar sobre existencialismo, liberdade, romance e ativismo feminista. Características que a acompanham desde o início da carreira.
Se ouvido na ordem proposta, nos deparamos com a contação de uma história de amor completa ao longo do disco. Passamos por encantamento, paixão, decepção, a famigerada bad e, por fim, nos deparamos com o auto cuidado e com a liberdade. Nas palavras da artista: “Não é uma história necessariamente biográfica, mas com certeza é baseada em sentimentos reais”.
De fato. Em suas letras, ela nos entende, conforta e, por vezes, provoca. Nos conta histórias, nos relembra situações, nos representa. Tudo isso sem perder a ternura na voz, acalentando a alma, e nos deixando uma empoderada confiança de que tudo vai ficar bem.
Destaque para a belíssima “Céu e Mar”, a necessária “Para” e, claro, “Passarinhar”, faixa que dá nome e que carrega em si a essência do disco.
Que nós, mulheres, tenhamos mais sororidade e que juntas, em bando, possamos abrir nossas asas para voar mais alto e voar mais longe .