“Automatic” de The Lumineers é mais do mesmo, só que diferente

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The Lumineers estão de volta, e com eles, um novo álbum que é, ao mesmo tempo, familiar e inusitado. Automatic, o quinto trabalho de estúdio da banda, traz uma sonoridade que ecoa sua identidade indie-folk, mas que também se permite explorar camadas mais introspectivas e experimentais. Com letras que transitam entre a ironia e a vulnerabilidade, o duo formado por Jeremiah Fraites e Wesley Schultz revisita sua própria essência enquanto apresenta um olhar afiado sobre a mecanização da vida moderna.

E nada captura melhor essa sensação do que a faixa-título, “Automatic”. A canção entrega uma reflexão melancólica sobre a repetição exaustiva do cotidiano, um ciclo que se repete incessantemente e que, paradoxalmente, se torna um conforto. Com uma instrumentação cuidadosa e um lirismo que ressoa a angústia contemporânea, Schultz canta: “Oh, lover, is it ever gonna be enough?”, uma linha simples, mas devastadora em seu impacto.

A mesma fórmula, mas com uma nova embalagem

Se há algo que define “Automatic”, é o jogo entre o reconhecimento e a novidade. Faixas como “Same Old Song” brincam com a ironia desde o título, entregando uma melodia vibrante que, ao mesmo tempo, evoca a nostalgia do passado e a inevitabilidade do presente. As teclas remetem às de “Ophelia”, mas a atmosfera é inconfundivelmente diferente.

Já “You’re All I Got” se ancora na mitologia de Sísifo, desenhando um retrato doloroso de uma relação condenada a se repetir, um amor que persiste apesar do peso insustentável. As referências literárias e filosóficas permeiam o álbum, tornando-o uma experiência não apenas auditiva, mas conceitual.

No entanto, nem todas as faixas conseguem atingir esse nível de sofisticação. “Keys on the Table”, por exemplo, acaba soando redundante, ecoando emoções já trabalhadas em outras canções. Da mesma forma, “Plasticine” e “Better Day” cumprem seu papel, mas sem o brilho que marca os melhores momentos do disco.

Uma despedida agridoce

O álbum encontra seu clímax em “So Long”, a faixa final que ressoa como uma despedida inevitável. Com bateria marcada e cordas inquietantes, a banda encerra “Automatic” com um peso emocional que se arrasta até os últimos segundos. O verso “Maybe we’ll be famous when we die” captura a essência do disco: uma busca constante por significado em meio à rotina automática que nos envolve.

Em resumo, “Automatic” não reinventa a roda, mas também não precisa. The Lumineers sabem exatamente como contar uma história que nos prende, e este álbum prova que, mesmo dentro da familiaridade, ainda há espaço para o inesperado.