O cancioneiro brasileiro está vivo na “Ciranda de Destinos” de Chico Teixeira

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Voz, violão e letras que cantam a nossa história. São basicamente esses três elementos que compõem a essência de “Ciranda de Sonhos” o novo disco de Chico Teixeira. Mas acredito que também possamos chamá-lo de relicário. Um relicário do cancioneiro brasileiro. Podemos, ainda, considerar Chico um de seus guardiões. Aqui, o excelente compositor se despe de suas canções para ser intérprete de clássicos.

É na crueza das cordas e dos vocais que mora o tesouro aqui guardado. São 10 faixas que remetem ao folclore nacional e ao Brasil ruralista. Alguns, certamente lembrados pela maioria de nós, como é o caso de “Rancho Fundo”. Outros, são específicos de algumas regiões, como “Linda Morena” originária do Nordeste, mais precisamente da Bahia, e que aqui ganha participação especial da voz e da viola de Almir Sater. Já do Sul, “Negrinho do Pastoreio” renasce na voz de Chico com o toque do violão de ninguém menos que Yamandú Costa. Do Sudeste, a mineira “Riacho de areia” é entoada ao lado de seu pai Renato Teixeira e conta ainda com o músico baiano Roberto Mendes com o seu percussivo violão.

A MPB também é representada em “Correnteza”, de Jobim e Bonfá. Bem como o Samba de Cartola em “As rosas não falam”. Parece que nada escapou das homenagens de Chico. Um pedacinho de cada fase da história da nossa música foi recolhido e delicadamente esculpido para se encaixar com perfeição nesse relicário.

Em sua belíssima resenha para este mesmo disco, Julio Maria, do Portal Terra, diz que “há um espaço entre a música caipira e a música folk que parece ser o lugar encontrado por Chico para se acomodar”. Não só concordo, como acredito que é extamente aí nesse espaço que devemos guardar esse precioso disco. 

Ouçam e se encatem com a beleza das raízes da música brasileira.