O chamado da viola caipira de Fabiola Beni

por

Não tem jeito, quem vem do mato carrega algo por dentro que vez ou outra nos chama de volta. Digo isso por experiência própria. Nasci no interior de Pernambuco e cresci indo visitar o sítio da minha vó. Depois de adulta, ainda que já tenha morado e visitado grandes cidades, nada me conforta mais que o cheiro de terra molhada, com um café forte na mão e uns dedilhados de violão como trilha sonora.

Mas este post não é sobre mim. E sim sobre a cantora, compositora e musicista Fabiola Beni que, com mais de 10 anos de experiência na bagagem, sentiu um chamado do mato e acaba de nos presentear com um bonito EP homônimo que revela seu lado mais violeira.

O currículo é vasto. Ela carrega experiências como a de dividir o palco com as cantoras Nanny Soul, Izzy Gordon e Tássia Reis, e de tocar guitarra e cavaco na Groove de Bamba, que já abriu shows para Di Mello e Sandrá de Sá. Isso sem falar que ainda atua na coordenação do projeto de musicalização Diversom, compõe o grupo de teatro infantil Dois Duos e faz produção executiva na Sala Ativa. (Ufa!)

Mas é no sítio São João, localizado no noroeste paulista, e que foi seu lar até a adolescência, onde está a sua grande fonte de inspiração. Nos dias de Folia de Santos Reis, nas noites de Festa de São João, a viola, sanfona e o pandeiro embalavam a atmosfera do lugar. E foram essas lembranças – revisitadas ao estilo fusion, onde a viola se mistura aos timbres de vassourinhas na bateria e pizzicatos no baixo acústico – que inspiraram o EP.

Gravado ao vivo, o trabalho resgata suas raízes na música caipira, mas sem perder as influências da MPB. Sintam um gostinho com esse bonito vídeo da faixa “Arrebatador”, primeiro single do projeto a ser lançado:

Quem também ganhou vídeo, foi a faixa que abre o EP. Intitulada “Além das nuvens”, a canção recebeu um clipe oficial com uma atmosfera mágica de amanhecer no interior, com direito a iluminação natural do sol nascendo no horizonte e o orvalho brilhando nas folhas. Apreciem:

Não vou negar que me vieram diversas comparações com a Brandi Carlile aqui. Principalmente no jeito das duas se vestirem e se portarem. Mas a pegada aqui não é o resgate do Country, Folk e Americana (promovido pela Carlile), e sim o enaltecimento da velha viola caipira e os sons do nosso interior. Belo trabalho, Fabíola! E que ele inspire o surgimento de mais violeiras!