“The Wild Hunt”: 10 anos dedilhando histórias com The Tallest Man on Earth
por Cléo Medeiros
Eu descobri o The Tallest man on The Earth em 2012, numa página do fotógrafo Théo Gosselin, o qual faz lindos registros pela estrada a la kerouac, em sua maioria com uma atmosfera folk que aprecio muito. Nesse site, especificamente tocava a canção “The Blizzard’s never seen the desert sands”, como uma das músicas de uma pequena playlist que o próprio fotógrafo preparou para ilustrar as suas fotografias. Essa canção tinha uma sonoridade contemporânea ao mesmo tempo em que remetia a algo extremamente vintage. Era uma daquelas músicas que tem o poder de mostrar paisagens imaginárias as quais visualizamos como se fossem reais.
Essa “viagem mental” foi suficiente para que eu iniciasse uma busca pela internet para saber quem era esse cara que havia conseguido mexer com a minha imaginação. Encontrei canções boas demais e por mais de uma semana ouvi somente ele: Kristian Matsson, um sueco “Dylano”, um cancioneiro com destreza nos dedilhados, com sua voz solta – ainda que por vezes soe forçada para se aproximar do folk americano – uma companhia que nunca mais abandonei.
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“The Wild Hunt” disco de 2010 é o meu favorito dele. Um jogo de acordes ritmados com batidas fortes em seu violão, soando limpo e direto. Assim abre o álbum com a faixa título e já dá para entrar na camionete e pegar a estrada. “Troubles will be gone” reforça essa ideia: “Há ainda um outro mundo ao longo de sua trilha…há uma placa para uma colina a se ver longe da terra, a placa dirá ‘há ainda uma mais alta’…eu espero algum lugar onde os problemas acabarão”. Se a crítica o compara a Bob Dylan, ele deixa isso claro em “You’re going back”, dá até para tocar levemente o pé no acelerador e cantarolar bem alto, uma de minhas preferidas.
A canção “The drying of the lawns” tem um dedilhado mais calmo, puritano e deixa espaço para a voz de Matsson soar mais clara. “King of Spain” alegra o álbum. A balada do disco fica por conta de “Love is all”, linda e cheia de dualidades: “Eu aposto que esse rio poderoso é meu salvador e o meu pecado, meu salvador e meu pecado”. “The Wild Hunt” é um disco que precisa estar na prateleira de quem aprecia música folk de qualidade!
The Tallest man on Earth tem um bocado de boas canções, eu mal consigo enumerá-las: “Over the hills”, “Steel tomorrow”,”Rivers”, “1904”, “Weather of a killing kind”, “The sparrow and the medicine”, “Revelations blues” e por aí vai. Suas canções me acalentam, preenchem alguns espaços vazios vez por outra. Seu som remete a uma vida a qual me agrada viver, remetem a uma paisagem silenciosa e rural. Ouço suas músicas e sinto o gosto do vento, vejo aquele pico mais alto das montanhas, o rancho cercado de madeira. Eu sinto a brisa do inverno caindo enquanto me protejo com as minhas botas e meu pala. Suas músicas tornaram-se parte de minha rotina, Matsson tornou-se um fiel companheiro.